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Dar o ouro ao bandido ou a EGF à Mota-Engil
Quando se soube que a Empresa Geral de Fomento iria ser comprada pela Mota-Engil através da SUMA alguns comentadores ficaram muito contentes por "finalmente" uma empresa portuguesa ter ganho uma privatização com este governo.
Foi curioso que no mesmo momento se soubesse que a SUMA da Mota-Engil está alegadamente envolvida numa negociata com o ex-presidente da Câmara Municipal de Gaia Luís Filipe Menezes. Foi o próprio Tribunal de Contas a transmitir informações ao Ministério Público devido a suspeitas de ilegalidades na entrega da gestão dos resíduos urbanos da câmara de Gaia à Mota-Engil, num negócio de 180 milhões de euros, 30 a 40% acima do preço encontrado noutras autarquias. Antes de sair do município para se candidatar à câmara do Porto em 2013, o barão do PSD fez questão de prorrogar o contrato por mais 5 anos. Tudo bons rapazes.
Ou seja, o que o governo fez foi entregar à Mota-Engil, que está a ser investigada no Ministério Público por um concurso fraudulento, a empresa responsável pela recolha, transporte, tratamento e valorização de 65% do total dos resíduos em Portugal e que teve lucros de mais de 62 milhões de euros nos últimos 3 anos.
O ouro ao bandido.
A Mota-Engil ofereceu 149,9 milhões de euros pela totalidade da EGF e até a Autoridade da Concorrência veio dizer que à partida isto é um mau negócio, porque concentrar todas as concessões numa só empresa não ajuda na eficiência do regime tarifário.
E com uma empresa com o currículo da Mota-Engil já se sabe que dar a uma única empresa o exclusivo do transporte e tratamento dos resíduos de 65% da população só pode dar azo a ainda mais negociatas.
É este o país das impunidades e das negociatas.
Artigo publicado no blogue Inflexão
Comments
Caro Ricardo Moreira,
Caro Ricardo Moreira,
Começo por referir que a EGF não está a ser dada. Aliás, a SUMA apresentou a melhor proposta, nos vários critérios e que inclusive permite o maior encaixe financeiro. Mais, relembro que o concurso de privatização é internacional. Por último e até prova do contrário não foram provados indícios de crime. Seria justo ler um artigo com base na verdade conhecida e provada e não em suposições. Bom fim de semana.
Sou um, como muitos, que
Sou um, como muitos, que ficou satisfeito por ter ficado em mãos portuguesas a EGF. Ter empresas com dimensão e capacidade de se internacionalizarem não é crime. Devíamos sim motivar que surgissem grupos de dimensão, que consigam garantir empregos para os portugueses.
Oh Sr Bruno Machado, o meu
Oh Sr Bruno Machado, o meu caro amigo ainda acredita que estas privatizações não são uma vigarice? Só por ingenuidade ou fanatismo partidário (ou interesse na coisa) é que se pode acreditar na boa fé destes negócios. Então as aguas de Barcelos? A água e o saneamento na Feira,entregue pela anterior vereação à Indaqua, empresa do grupo Mota Engil. Não se lembra que o Tribunal de contas fez um relatório arrasador sobre este negócio, mas que deixou que tudo continuasse na mesma? Sabe o Sr. que os cidadãos sujeitos a estes roubos pagam a água/saneamento ao dobro, e nalguns casos ao triplo, do que pagam aqueles que são servidos por serviços minicipais. Fale também com as pessoas de Vila do conde, trofa e S.tirso para elas lhe explicarem quanto custa serem servidos pelo grupo Mota Engil e outros que tais (até já os chimeses estão metidos neste negócio).
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