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Mundial de Futebol envolvido em escândalos

O Mundial de Futebol que começa dia 12 de junho no Brasil será o mais caro de sempre. Os 12 estádios construídos ou remodelados custaram mais que os dos mundiais da África do Sul e da Alemanha juntos. As derrapagens chegaram a multiplicar os valores orçamentados por 2 e 3, e Brasília, onde não há uma equipa de futebol importante, passará a ter o segundo estádio mais caro do mundo. Por isso, os protestos organizam-se contra “esta Copa sem povo”. Dossier organizado por Luis Leiria.

Começamos com um levantamento do que se conhece até agora sobre os gastos milionários com os estádios “padrão Fifa”, num país onde os serviços públicos ainda são tão insuficientes. Copa das Copas ou Copa das Tropas, questiona Isabella Gonçalves Miranda, do Comité Popular dos Atingidos pela Copa – Belo Horizonte (COPAC), que recorda que a realização do megaevento desestruturou a vida de mais de 250.000 brasileiros.

“Eles estão a roubar-vos!”, adverte jornalista britânico Andrew Jennings, que avisa: os brasileiros estão a pagar por um Mundial que só trará lucro para a Fifa e patrocinadores. Até porque o Estado brasileiro isentou de impostos a FIFA e as empresas a ela associadas, deixando de arrecadar pelo menos 329 milhões de euros.

Ao mesmo tempo, a pressão para acabar a tempo as obras impõe jornadas extenuantes, de até 18 horas, e amplia o risco de acidentes. Já morreram nove operários.

Publicamos em seguida a carta “Que um grito de gol não abafe a nossa história”, aprovada no I Encontro dos/das Atingidos/as – Quem perde com os Megaeventos e Megaempreendimentos. E num importante artigo polémico, Isabella Gonçalves Miranda discute Porque não abrir mão da crítica à Copa do Mundo.

Finalmente, recordamos as críticas de Ney Matogrosso, e relatamos como decorreu e o que aprovou o encontro dos Movimentos sociais que discutiu estratégias de mobilização.

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Neste dossier:

Mundial de Futebol envolvido em escândalos

O Mundial de Futebol que começa dia 12 de junho no Brasil será o mais caro de sempre. Os 12 estádios construídos ou remodelados custaram mais que os dos mundiais da África do Sul e da Alemanha juntos. As derrapagens chegaram a multiplicar os valores orçamentados por 2 e 3, e Brasília, onde não há uma equipa de futebol importante, passará a ter o segundo estádio mais caro do mundo. Por isso, os protestos organizam-se contra “esta Copa sem povo”. Dossier organizado por Luis Leiria.

Estádio Mané Garrincha: demoraria 1167 anos a ser pago. Foto do site do estádio

Mundial de 2014 do Brasil: o mais caro de sempre

Brasil já gastou em estádios mais do que a África do Sul e a Alemanha juntas (mundiais de 2010 e 2006). Ex-estrela de futebol Romário diz-se enganado porque, ao contrário do que disseram Lula e Dilma Rousseff, os recursos investidos foram 95% públicos.

Cerca de 2 mil milhões de reais foram investidos em segurança, na compra de armamentos, equipamentos de vigilância e treinamentos. Foto de Comité Popular da Copa de São Paulo

Copa das Copas ou Copa das Tropas?

A Copa do Mundo, a cidade neoliberal e a resistência ao estado de exceção. Por Isabella Gonçalves Miranda, do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa – Belo Horizonte (COPAC).

Andrew Jennings: A FIFA é uma máfia, uma família de crime organizado. Foto de o.canada.com

“Eles estão a roubar-vos!”, adverte jornalista britânico

Em livro recém-lançado no Brasil, Andrew Jennings desnuda a farsa dos bilhetes da Copa e avisa: os brasileiros estão a pagar por uma Copa (Mundial de Futebol) que só trará lucro para a Fifa e patrocinadores. Confira aqui a entrevista. Por Giulia Afiune, Agência Pública.

Diante dos gastos milionários nas Copa, população reivindica investimentos sociais "padrão FIFA". Foto do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

Isenções concedidas pelo governo brasileiro garantem lucros livres de impostos

Como se não bastassem os lucros milionários obtidos pela FIFA, estes ainda entram nas contas da Federação livres de impostos. O Estado brasileiro deixa de arrecadar pelo menos 329 milhões de euros. Valor daria para construir mais de mil creches.

A empresa de construção Andrade Gutierrez é responsável pelas obras do Arena da Amazónia, na cidade de Manaus, onde morreram quatro operários. Crédito: Glauber Queiroz, Portal da Copa, Governo do Brasil.

Mundial de Futebol da FIFA conta os seus mortos no Brasil

A pressão para acabar a tempo a construção dos 12 estádios de futebol do Brasil onde se irá jogar a partir de junho o Mundial de Futebol da FIFA impõe jornadas extenuantes, de até 18 horas, e amplia o risco de acidentes e mortes. Por Fabíola Ortiz, IPS News Service

Encontro dos Atingidos: "Afirmamos que a Copa e as Olimpíadas estão a serviço de um modelo de país e de mundo que não atende aos interesses gerais do povo trabalhador e dos setores oprimidos pelo sistema capitalista". Foto da Ancop

“Que um grito de gol não abafe a nossa história.”

Carta do I Encontro dos/das Atingidos/as – Quem perde com os Megaeventos e Megaempreendimentos, realizado entre 1 e 3 de maio na cidade de Belo Horizonte.

Frase projetada na lateral de um prédio durante manifestação em São Paulo. Foto de Henrique Carneiro.

Porque não abrir mão da crítica à Copa do Mundo?

A Copa do mundo tem causado sofrimento humano injusto e violações de direitos que nos desumanizam a todos. Acreditamos que a luta é a mais efetiva e democrática forma de transformação dessas mesmas condições de opressão. Por Isabella Gonçalves Miranda

Ney Matogrosso, a ação da polícia brasileira é fascista.

Ney Matogrosso critica gastos com o Mundial do Brasil

Em entrevista à RTP, cantor considera o dinheiro gasto na construção dos estádios “uma vergonha e um escândalo”, e diz que o “padrão FIFA” devia ser para o povo brasileiro, não para a FIFA. Recordando as manifestações recentes, afirma que o povo tem uma maior consciência dos seus direitos.

Movimentos sociais reuniram-se em Belo Horizonte para debater ações durante a Copa. Foto de Agência Brasil/Antônio Cruz

Encontro prepara protestos unificados durante o Mundial de Futebol

Movimentos sociais reuniram-se na cidade de Belo Horizonte para discutir estratégias de mobilização e fazer da Copa de 2014 um espaço de protesto e reivindicação. Denunciam que as obras de infraestrutura não foram feitas e que novas leis que possam vir a coibir manifestações são uma ameaça. Por Helena Martins, enviada especial da Agência Brasil.