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Ressaca da Crimeia atinge governo de Kiev
A demissão de Tenyiuck e respetiva substituição por Mikahil Koval, chefe da guarda fronteiriça e oriundo da mesma área política de extrema direita, constituiu a primeira crise séria no interior do executivo criado em Kiev por Bruxelas e Washington.
Figuras dos grupos que sustentam o governo multiplicaram críticas à forma como o general geriu os assuntos militares na Crimeia, sobretudo a demora na retirada das tropas ucranianas da península. Segundo as mesmas críticas, é a este atraso na retirada que se deve o facto de 88% dos efetivos do exército ucraniano na Crimeia se terem juntado ao exército russo e 82% dos membros das forças navais se terem associado à marinha russa – conforme dados divulgados pelo próprio Tenyiuck.
O ministro demissionário foi também acusado de ter gerido mal, em termos de propaganda, o único incidente na Crimeia que envolveu armas de fogo e no qual um atirador furtivo pró-Kiev matou uma pessoa de cada campo – uma favorável à continuação na Ucrânia outra pela transferência para a Rússia. Tenyiuck criou insatisfação entre os sectores assumidamente de extrema direita ao rejeitar a integração das milícias armadas do Sector de Direita (grupos de assalto nazis comandados por operacionais treinados pela NATO em Estados bálticos) na Guarda Nacional, um corpo repressivo que o atual regime continua a formar. Para contornar a recusa, o ministro da Educação autorizou que as milícias nazis recebam treino militar nos 23 campos de férias do ministério distribuídos pelo país.
Os grupos terroristas e de assalto neofascistas continuam a ser apoiados institucionalmente e em termos operacionais de modo a terem um papel preponderante no ambiente que se vai viver na Ucrânia antes e depois das próximas eleições presidenciais e numa perspetiva de intimidação dos sectores russófonos e com outras origens, designadamente judeus e tártaros.
Observadores internacionais do recente referendo realizado na Crimeia sublinham o facto de grande número de ucranianos e de tártaros terem votado pela integração na Rússia devido à forte influência nazi no governo de Kiev. “Num território onde a comunidade russa representa cerca de 60% como poderia pensar-se que a votação por Moscovo atingiria os 95% sem a colaboração de milhares de ucranianos e tártaros?” – interroga-se um diplomata europeu que acompanhou a consulta no terreno.
A demissão do ministro da Defesa é o facto mais visível da crise que a questão da Crimeia criou no governo, quando as entidades de Bruxelas e Washington contavam que servisse para disfarçar por mais algum tempo as divergências pessoais e oligárquicas em jogo.
O político que representa os interesses alemães e que Washington tenta marginalizar, o ex-boxeur Vitali Klitschko, condenou a “ineficácia” mostrada por Kiev perante a afirmação russa na Crimeia. Candidato às próximas eleições presidenciais, Klitschko afirmou que as autoridades do regime não respondem às “ameaças separatistas” que considera existirem no país, designadamente em Donetsk e Lugansk, e acusou o presidente Turkhinov, em funções mas não eleito, de ter abandonado os militares ucranianos na Crimeia.
Turkhinov foi alvo de uma moção de censura no Parlamento de Kiev, entretanto rejeitada, mas o ex-boxeur continua a defender a sua substituição “se as coisas se mantiverem tão ineficazes como estão”.
Artigo publicado no site do Grupo Parlamentar Europeu do Bloco de Esquerda.
Comments
Que tipo de Presidente foge
Que tipo de Presidente foge do seu país ? Onde estava o exército ? Não estou aqui para defender ninguém, apenas constato que alguém nos anda a mentir porque o referendo foi altamente irregular, pois aqueles que eram contra foram impedidos de se manifestar . Enquanto o Bloco diz e pesquisa a verdade, a Europa continua a depender dos Estados Unidos para a sua defesa. Porque é que a ONU não fiscalizou o referendo com capacetes azuis para garantir eleições democráticas ! Onde está a política do Bloco para a defesa da Europa ? Ou será que a Europa não precisa de defesa pois confiamos na boa fé da Rússia para não invadir e anexar a Polónia por exemplo ! Enquanto o Bloco diz e pesquisa a verdade Putin ameaça a democracia da Europa com armas nucleares; vamos confiar na sua boa fé ?
Eu sou militante do bloco de
Eu sou militante do bloco de esquerda, e estes posts sobre a situação da Crimeia são insensatos ! O problema é que a UE continua a depender dos Estados Unidos para a sua defesa. Será que só eu é que vi as imagens que mostram as irregularidades no referendo da Crimeia! Será que mais ninguém viu que quem era contra foi impedido de se manifestar ! Será que ninguém percebe que soldados sem identificação não tem legitimidade para tomar conta de uma região . A UE não pode ser a decoração da Rússia ... A Rússia é uma ditadura e não é melhor que os fascistas da Ucrânia. Se houvesse um único fascista a sério na Ucrânia já tinham retaliado e lutado até à morte pela Crimeia. O Bloco precisa é de ter uma política a sério e determinada para a Europa pois “Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada.”
―Edmund Burke
Mário , as primeiras e
Mário , as primeiras e maiores irregularidades de todas, ocorram quando neo-nazis se instalaram em barricadas, e ajudaram a tomar o poder num golpe de estado.
O poder de Kiev veio de um golpe de estado. Coisa não democrática. Menos quando teve apoio de essa gente que voçê agora vem defender.
A primeira função de uma força democrática como o Bloco, é dizer e pesquisar a verdade. Só com isso se pode tomar acções concretas. Joana
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