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Presidente da Alemanha demite-se

O Presidente alemão Horst Köhler demitiu-se na sequência de declarações controversas a propósito do envolvimento da Alemanha nas operações militares no Afeganistão.
Horst Köhler comunicou a sua decisão ao presidente rotativo da câmara alta (Bundesrat) do Parlamento alemão, o social-democrata Jens Böhrnsen, que assumirá interinamente a chefia do Estado. Foto Wikimedia Commons.

“Anuncio a minha demissão das funções de Presidente”, disse Horst Köhler esta segunda-feira, em Berlim, explicando ter tomado esta decisão depois de ter recentemente afirmado que países como a Alemanha, que dependem muito do comércio internacional, devem saber que a sua participação em intervenções militares é necessária para garantir os interesses alemães.

Horst Köhler comunicou a sua decisão ao presidente rotativo da câmara alta (Bundesrat) do Parlamento alemão, o social-democrata Jens Böhrnsen, que assumirá interinamente a chefia do Estado. A renúncia anunciada tem efeitos imediatos e surge após uma onda de críticas por causa de declarações do governante alemão sobre o Afeganistão.

Köhler, que foi reeleito o ano passado para um segundo mandato, explicara entretanto ter sido mal interpretado, dizendo que as suas palavras não tinham nada a ver com a participação alemã no conflito do Afeganistão, extremamente impopular entre os alemães. “Lamento que os meus comentários tenham levado a mal-entendidos sobre uma questão importante e difícil para a nossa nação.”

Durante uma visita aos militares alemães no Afeganistão, a 22 de Março, Khöler deu uma entrevista durante a qual pareceu justificar a missão militar alemã naquele território com a necessidade de proteger os interesses económicos da Alemanha, refere o jornal alemão Der Spiegel na sua edição online.

"Um país do tamanho do nosso, focado nas exportações e no comércio externo tem que estar consciente de que (...) os destacamentos militares são necessários, em caso de emergência, para proteger a nossa economia. Por exemplo, quando se relacionam com rotas comerciais, ou com a prevenção de situações de instabilidade regional, que podem influenciar negativamente o nosso comércio, empregos e rendimentos", disse o presidente na referida entrevista, citada pelo Público.

Na sexta-feira passada, também por meio de um porta-voz, a chanceler alemã, Angela Merkel, fez saber que não queria comentar as declarações de Köhler com o argumento de que o Presidente já as havia explicado e que não havia "nada a acrescentar".

Khöler tem 67 anos e é membro do partido da chanceler, Angela Merkel, tendo já dirigido o Fundo Monetário Internacional.

Na Alemanha os presidentes são eleitos indirectamente e o cargo que ocupam é protocolar e tem um poder político reduzido.  

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