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“Bloco mantém-se aberto à convergência”
“Está em curso no nosso país uma campanha de propaganda sobre a situação que estamos a viver, com malabarismos com os números do défice e do desemprego”, denunciou a coordenadora do Bloco no fim da reunião da Mesa Nacional do partido. Catarina Martins exemplifica com “a recapitalização do Banif, que não entra para as contas do défice, mas entram as receitas extraordinárias e irrepetíveis das privatizações”. Por outro lado, “os números do desemprego iludem não apenas a emigração, como o facto de estarem a ser destruídos os empregos a tempo inteiro, de 30 a 40 horas semanais, enquanto os únicos empregos que este Governo parece capaz de criar são entre 1 e 10 horas semanais, ou seja, subemprego com o qual ninguém consegue sobreviver”.
“O tom festivo e celebrativo que tomou conta do Governo é insultuoso para quem perdeu o emprego”, acusou Catarina Martins, concluindo que “feitas as contas, entre o desemprego, a emigração e o subemprego, um terço da população ativa em Portugal está desempregada ou no subemprego. Nunca tivemos uma população ativa tão diminuta em Portugal. A coordenadora do Bloco responsabilizou Passos Coelho e Durão Barroso de conivência na crise na Europa e em Portugal, “os dois procurando apoiar-se para aliviar as suas responsabilidades na destruição económica e social de Portugal”.
“No fim do programa da troika, a riqueza que produzimos terá regredido para valores do início do século, mais de meio milhão de postos de trabalho terão sido destruídos, o país está menos qualificado e menos justo”, acrescentou Catarina Martins, apontando como objetivo deste “foguetório sobre o milagre que foi este Governo” ser abafar a discussão sobre “o país que resultará destes três anos de direita e troika no poder”.
Bloco leva Orçamento Retificativo ao Tribunal Constitucional
A reunião da Mesa Nacional mandatou o Grupo Parlamentar para “todas as convergências necessárias na Assembleia da República” para solicitar ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade de várias normas do Orçamento Retificativo, que lançou novos cortes nas reformas. “Não é aceitável a quebra do contrato social com quem trabalhou e descontou toda a vida”, justificou Catarina Martins, referindo ainda que “não aceitamos que os rendimentos do trabalho sirvam para pagar os erros do governo nem o modelo económico de futuro, baseado em baixos salários”.
Ana Drago anunciou demissão da Comissão Política
No dia da Mesa Nacional, a dirigente bloquista Ana Drago anunciou a demissão da Comissão Política do Bloco, invocando “uma divergência profunda e fundamental sobre a estratégia do Bloco na presente conjuntura”. Na carta enviada à agência Lusa e aos dirigentes do Bloco, Ana Drago diz que a “direção política do Bloco de Esquerda não se mostrou disponível para iniciar um debate programático com alguns dos possíveis participantes” na convergência proposta pelo Manifesto 3D.
Na conferência de imprensa, Catarina Martins respondeu a questões dos jornalistas sobre esta demissão na Comissão Política, dizendo que cabe a Ana Drago explicar as suas razões. A coordenadora bloquista acrescentou que “o Bloco reuniu com os promotores do Manifesto 3D a seu pedido e fez-lhes a seguinte proposta: que pudéssemos escrever uma plataforma política comum, que seja clara sobre os instrumentos e os modos de uma convergência à esquerda que combata a austeridade, que se oponha ao Tratado Orçamental, que é o instrumento que depois da troika será utilizado para ter austeridade permanente no nosso país”.
“A abertura do Bloco existe, tivemos já conversas tanto em âmbitos mais formais como informais, porque sabemos que há um número grande de pessoas em Portugal, que não estando em nenhum partido político estão à esquerda, e estão empenhados na construção de propostas contra a austeridade e o Tratado Orçamental. É com todas elas que construímos o nosso percurso para as europeias”, concluiu Catarina Martins.
O esquerda.net reproduz a nota distribuída aos membros da Mesa Nacional sobre as reuniões com promotores do Manifesto 3D:
A pedido dos promotores do Manifesto 3D realizaram-se em Dezembro e Janeiro duas reuniões entre delegações dos promotores daquele manifesto e da Comissão Política do Bloco de Esquerda.
A primeira reunião realizou-se no dia 5 de Dezembro. O Bloco foi então informado sobre os contornos gerais de um apelo público a ser lançado dias depois, com o objetivo de estabelecer uma candidatura convergente da “esquerda situada entre o PS e o PCP” nas próximas eleições europeias, identificando como potenciais protagonistas o Bloco de Esquerda, a Renovação Comunista, o pró-partido Livre e os promotores do Manifesto 3D.
A segunda reunião realizou-se no dia 11 de Janeiro. Os promotores do Manifesto 3D apresentaram duas hipóteses para uma candidatura: a criação de um “partido-envelope” para uma candidatura conjunta, envolvendo-se o Bloco na recolha das 7500 assinaturas necessárias à legalização do novo partido e abdicando de uma candidatura própria. Em alternativa, foi proposta uma coligação entre o Bloco e o partido Livre (se constituído entretanto).
A delegação do Bloco explicou a não aceitação destas propostas e, por sua vez, propôs aos representantes do Manifesto 3D que, fosse qual fosse o seu futuro figurino organizativo (movimento, associação ou partido), se estabelecesse um Acordo Político em torno de uma plataforma programática e de um compromisso de candidatura. Segundo as circunstâncias, esse Acordo poderia resultar numa coligação ou na participação nas listas do Bloco, podendo ainda ser alargada a outros parceiros por acordo mútuo entre Bloco e 3D.
A Comissão Política do Bloco de Esquerda
Comments
LIVRE e 3D
Rui Tavares integrou as listas do BE e foi nessa qualidade que ingressou no Parlamento europeu e por lá se manteve apesar de se afastar do Bloco.
Quer-me parecer que o que move este
Sr. é o protagonismo.A Comissão Instaladora do Livre é uma tentativa apressada de o RT. manter-se na corrida ao PE (e não só). Depois, surge o 3D que acolhe cidadãos com um perfil e um percurso, no mínimo, polémicos!
O que se pretende? Balcanizar a esquerda? Converter um punhado de cidadãos, independentemente da sua maior ou menor credibilidade, em donos da esquerda? Menorizar o PCP e o BE?
Resposta de Mário Tomé
Pois...
Qual é ou seria o partido que aceitava desaparecer numas eleições, nomeadamente numas tão importantes - mesmo que não lhes tenha sido atribuída a merecida importância até agora; mas agora é impossível não o fazer - como as europeias na actual situação, com troika garvatas e tudo?
Não pode ser levada a sério, eu não levaria, uma proposta como a que vem no texto acima, do movimento DDD com o qual o Bloco quer colectiva quer individualmente tem as melhores relações e muitas vezes estreita colaboração, para um tal partido envelope que necessitava de 7.500 assinaturas recolhidas na maior parte pelos militantes do Bloco, a massa crítica de manobra no terreno, para esconderem o partido, ou então fazerem uma coligação - única forma séria de concorrer em conjunto a eleições como os companheiros do DDD sabem certamente- com um partido que ainda não existe e que é uma delegação (digo eu) dos Verdes (Rui Tavares não saiu do Grupo Parlamentar do BE no Parlamento Europeu sem mais aquelas - primeiro entendeu-se com o Cohen Bendit para garantir lugar nos Verdes, que alinham com a política europeia de coadjuvante das agressões do EUA/NATO, como foi o caso da Líbia)
A democracia não é "aceitas o que eu quero ou então és um malandro". A Ana Sá Lopes do I escreveu que a proposta do DDD teria o seguinte resultado: o Bloco perdia se aceitasse e perdia se não aceitasse.. Não passa de uma opinião mas mostra o que anda aí pelos mentideros.
Mas o Bloco não perde porque tem uma política de seriedade nas relações com os movimentos e outros partidos e pessoas e sempre esteve aberto à colaboração mesmo quando tal mais tarde veio a revelar ter-se enganado quanto ao carácter dos aliados: primeiro Sá Fernandes, depois Rui Tavares. Mas como é na base de plataformas polítcas que nos entendemos politicamente, não jogamos à defesa e quando nos ocmprometemos é a sério. Pena é que nos dois casos o BE tenha sido usado como trampolim. Pode isso entritecer-nos mas não afecta a nossa integridade e a nossa disponibilidade para, na base de compromissos políticos sérios para combater a austeridade sem reticências e recusar esta UE que impõem sansões a países que a compõem como se de inimigos se tratasse, e o mando da NATO que com o Tratado de Lisboa passou a ser parte constituinte da arquitectura da UE.
Acho que a proposta do BE ao DDD é séria e tem pés para andar.
Mário Tomé
Nem mais camarada Tomé
Nem mais camarada Tomé
O bloco e as convergências
Vai o Bloco insistir nos erros (não reunir com a troika, moção de censura quando a direita preparava o assalto ao poder, recusa de convergências à esquerda sem o PCP no caso de Caminha) e agora está a dificultar as convergência com o movimento 3D, com o partido Livre e com a Renovação Comunista? Um Bloco aberto e combativo faz falta. Para um segundo PCP, já temos o primeiro com a vantagem da HIstória.
Se o Bloco propôs um acordo
Se o Bloco propôs um acordo político ao Manifesto 3D, como confirmou Catarina Martins, porque é que Ana Drago acusa o Bloco de não querer convergências?
O facto de o bloco não ter
O facto de o bloco não ter reunido com a troika há uns anos é irrelevante (se tivesse reunido não teria mudado nada).
O governo PS teria funcionado de modo semelhante a esta coligação, com uma maquilhagem diferente...Basta ver o que o PEC4 do governo sócrates nos reservava.
Felizmente que o bloco não se coliga facilmente com o PS. Se o fizesse seria muito provavelmente arrastado para uma participação minoritária num governo onde não teria influência nas decisões importantes e de onde sairia queimado e enfraquecido.
Em relação aos novos movimentos de esquerda, nomeadamente o "Livre", é pertinente perguntar aos organizadores desses partidos porque razão optaram por formar organizações independentes em vez de funcionar através dos partidos de esquerda que já existem com alguma dimensão fora da corrupção do arco do poder, como o PC ou o BE, fragmentando e enfraquecendo a esquerda digna desse nome. Demitem-se e afastam-se e depois estão à espera de receber apoio?
Dito isto...o bloco já se definia. Esta coisa do europeísmo cego está a puxá-lo para um buraco de onde vai ser difícil sair.
Alguém não está a contar a
Alguém não está a contar a verdade toda nesta história: então o Bloco propôs uma convergência ao movimento do Carvalho da Silva e a seguir uma dirigente demite-se acusando o Bloco de recusar essa convergência? Vi a entrevista da Ana Drago à SIC-Notícias mas ela fugiu sempre a responder a isso. Diz que tem direito à sua liberdade de pensamento, mas não a tinha até anteontem?
Unidade das esquerdas
Falar em unidade das esquerdas, e reduzir essa unidade ao partido que o Rui Tavares vai criar, e aos promotores do Movimento 3 D é algo muito redutor.
Sejamos sérios, a Unidade das Esquerdas é uma necessidade vital,tem de se clarificar , é para que é que ela vai servir, e em que bases vai assentar.
Parece-me que existe nalguns sectores da Esquerda, uma tentativa de tentar minimizar os objectivos programáticos dessa Unidade, a pretexto de uma Unidade a qualquer preço.
Sabemos ao que isso normalmente conduz.
Não faço juízos de intenção sobre o que a ex-deputada Ana Drago, muito combativa diga-se em abono da verdade,pretende com este seu abandono da Direcção do BE, mas penso que os seus esclarecimentos dizem muito pouco, sobre as alternativas que ela propõe.
E neste momento o que é preciso é cada um seja clarificador, sobre o que entende e pretende que seja essa tal mitica, mas necessária Unidade das Esquerdas.
PS. Tambem concordo , que o BE deveria utilizar esta campanha para as Europeias, para fazer uma debate alargado sobre a permanência na União Europeia e no Euro,as suas vantagens se as houver , e os seus custos .
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