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Manuel Alegre: "Não serei neutro na defesa do Estado Social e da Justiça”

Manuel Alegre apresentou este domingo o seu manifesto eleitoral, dizendo que se candidata para defender o direito ao trabalho, assumindo o papel de "regulador e moderador político" em defesa do Estado Social. Em Lisboa, no CCB, mil pessoas ouviram também Jorge Sampaio e Maria de Belém.
Alegre deixou claro que utilizará "todos os poderes de que dispõe um Presidente da República para impedir a liberalização dos despedimentos através da eliminação do conceito de justa causa, porque a Constituição não é neutra e defende o elo mais fraco da relação laboral - o trabalho". Foto Miguel A. Lopes/LUSA

"Comigo na Presidência da República, os portugueses terão alguém que defende a cooperação institucional numa base de lealdade, moderação e fidelidade à sua própria interpretação dos sentimentos do país", afirma Manuel Alegre, no seu manifesto eleitoral à Presidência da República, que designou de "contrato presidencial".

Para Manuel Alegre, o Presidente da República é um "moderador político e social" que deve exercer um "magistério de proximidade e exigência" e "vigiar a ocorrência de interesses entre o mundo político e o mundo económico".

O candidato presidencial defende no documento que não cabe ao Presidente da República governar e que está preparado para trabalhar com todos os governos, mas frisou que "não será neutro" em defesa do Estado Social, da Justiça "com autoridade e prestígio" e na defesa "dos direitos sociais".

"Não serei neutro, como nunca fui, na luta pela decência da democracia e pela transparência da vida pública, contra o clima permanente de insinuação e suspeição que mina a confiança dos cidadãos", afirmou Manuel Alegre este domingo, no CCB, em Lisboa.

Alegre deixou claro que utilizará "todos os poderes de que dispõe um Presidente da República para impedir a liberalização dos despedimentos através da eliminação do conceito de justa causa, porque a Constituição não é neutra e defende o elo mais fraco da relação laboral - o trabalho".

Se no futuro, referiu, algum governo ou Parlamento pretender "acabar com o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e a Segurança Social Pública, eu estarei contra e exercerei, sem hesitações, o meu direito de veto".

No plano económico, Manuel Alegre defende que o país não pode ficar "refém de políticas de austeridade recessivas", e que Portugal deve "refazer o tecido produtivo".

O candidato presidencial criticou o actual Presidente da República, Cavaco Silva, que se recandidata, afirmando que "tem sido, tanto nos silêncios quanto nas intervenções sibilinas, um agente activo do lado do que está errado e um sonoro ausente do lado do que é justo: a defesa do Estado português e da legitimidade social que deve ter". Por oposição a um Presidente "que é contra aquelas leis que mudaram os costumes e que, quando não as veta, é porque não tem coragem para o fazer", Alegre apresenta-se como uma personalidade aberta ao mundo, com uma visão de modernidade" e sem "preconceitos conservadores".

A "coberto do ambíguo conceito de ‘cooperação estratégica’, Cavaco Silva "assume a ideia de uma partilha de governação susceptível de gerar conflitos institucionais", criticou.

No seu "contrato presidencial", Manuel Alegre defende a necessidade de voltar a colocar a regionalização na agenda política e, no capítulo sobre a Europa, defende a criação de taxas sobre as transacções financeiras.

No CCB, estiveram presentes muitos apoiantes que ouviram também Jorge Sampaio que destacou a importância da candidatura de Manuel Alegre no actual momento político e sublinhou o seu apoio inequívoco. Também interveio Maria de Belém que, por sua vez, destacou os temas da defesa da Escola Pública e do Estado de Direito, da solidariedade e do combate à pobreza.

Uma lista de apoiantes imensa e diversificada

A candidatura de Manuel Alegre também divulgou este domingo a sua Comissão de Honra, onde se encontram destacados dirigentes e militantes do Bloco de Esquerda e do PS, como Francisco Louçã e Jorge Sampaio, e das duas centrais sindicais, entre muitos outros.

A lista integra pessoas de várias áreas, do desporto à política, passando pela medicina, religião, cultura, e sindicalismo. São políticos, professores, médicos, agricultores, autarcas, escritores, e muitos outros de outras profissões.

Da área sindical constam o secretário-geral da UGT, João Proença, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros José Carlos Martins, Maria Luísa Marques da Comissão Executiva da CGTP-IN, Paulo Sucena, ex-secretário da FENPROF, e o dirigente Florival Lança.

Da área cultural, além do escritor Valter Hugo Mãe, fazem parte o fotógrafo António Homem Cardoso, os escritores Baptista Bastos, Hélia Correia, José Manuel Mendes, e M.ª Teresa Horta, o escultor João Cutileiro, e o actor Rui Mendes. Da área musical constam o compositor Carlos Alberto Moniz e os cantores Jorge Palma e Lena d'Água.

Da área das ciências sociais incluem-se o arqueólogo Cláudio Torres e os historiadores Fernando Rosas e António Reis. Da área da comunicação social estão, entre outros, Daniel Oliveira, Alfredo Barroso, António Macedo e João Malheiro.

O médico acupuntor Pedro Choy e os médicos Maurício Chumbo, José Manuel Boavida, e Francisco George, são outros nomes que integram a lista dos 1600 membros da Comissão de Honra de Alegre.

Ler o Manifesto Eleitoral de Manuel Alegre.
Ver Comissão de Honra.

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