You are here

Alemanha confirma estancamento económico em toda a Eurozona

Os dados do terceiro trimestre constituem o golpe mais sério sobre a liderança alemão, e sobre as esperanças de uma sólida recuperação que fariam a crise “bater em retirada”. O estancamento promovido pelos planos de austeridade consolidou-se. Por Marco Antonio Moreno, El Blog Salmón

A cinco anos do início da crise financeira, a economia da zona euro continua sem encontrar o caminho e os países maiores aprofundam a sua fase de estancamento. A zona euro no seu conjunto decresceu 0,4% no terceiro trimestre de 2013, dececionando todos os que tinham começado a sonhar com a recuperação económica. A Alemanha foi o país mais emblemático deste retrocesso, ao mal crescer 0,3% no terceiro trimestre, quatro décimas menos que o trimestre anterior (de abril e junho) quando chegou aos 0,7%.

Em termos anuais, o crescimento da Alemanha foi de 0,6%, contra 1,1% do ano anterior. Isto confirma a desaceleração económica que sofre a zona euro, lacerada pelo alto desemprego e a forte queda da procura agregada. A Alemanha crescerá neste ano 0,4%, longe dos 0,7% do ano de 2012 e dos 3,0% de 2011. A austeridade criada por Angela Merkel começa a atingir as portas do país mais importante da Europa.

De acordo com os dados do Eurostat, a economia da zona euro decresceu, em termos anualizados, -0,4%, com uma queda importante de França e Itália de -0,1%. Isto confirma o profundo mal que têm incubado na Europa os planos de austeridade de Angela Merkel, dos quais nem a Alemanha se salva, pois começou a sofrer o estancamento. Os dados do terceiro trimestre constituem o golpe mais sério sobre a liderança alemão, e sobre as esperanças de uma sólida recuperação que fariam a crise “bater em retirada”. O estancamento promovido pelos planos de austeridade consolidou-se.

Comparados com os dados dos Estados Unidos (2,8% de crescimento no terceiro trimestre) e os do Japão (1,9% no mesmo período) os dados europeus são para esquecer. A China, no terceiro trimestre, expandiu-se a uma robusta taxa de 7,8%. A incipiente recuperação da zona euro continua cambaleante, dado que França e Itália representam um terço da produção da zona euro.

A Áustria, que representa 3,2% do total do PIB da zona euro, cresceu 0,2%; a República Checa contraiu-se 0,5%, mas a Hungria superou as expectativas com um crescimento de 0,8% com respeito ao segundo trimestre. A Holanda, que representa 6,3%, aumentou 0,1% em relação ao segundo trimestre, e a Itália, que representa 16,5% do PIB da zona euro, sofreu uma queda similar à da França, com -0,1%. A economia de Portugal cresceu 0,2% no segundo trimestre, enquanto a Grécia sofreu uma queda de 3,0% (ver dados).

O estancamento da zona euro põe de relevo a fragilidade da recuperação e o perigo latente da deflação. Não por acaso Mario Draghi baixou na semana passada as taxas de juro da moeda única para um mínimo histórico. E apesar das duras críticas que despertou na Alemanha a redução das taxas de juro, é muito provável que Mario Draghi continue a flexibilizar a política monetária, ainda que este instrumento já tenha esgotado todo o seu arsenal de soluções. Os dados reais indicam que a crise se aprofunda e isto deve preocupar a Europa e o resto do mundo.

15 de novembro de 2013

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Internacional
Comentários (1)