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Enfermeiros em luta pela defesa dos seus direitos e do Serviço Nacional de Saúde

Os enfermeiros concentraram-se em frente ao ministério da Saúde em protesto contra o despedimento em massa de milhares de trabalhadores, o aumento do horário de trabalho, e pela defesa do Serviço Nacional de Saúde. CGTP referiu que a luta dos enfermeiros é um “exemplo de responsabilidade”. O coordenador nacional do Bloco, João Semedo, frisou que “a riqueza do SNS são os seus profissionais”.
Foto de Paulete Matos.

Durante a concentração promovida em frente ao ministério da Saúde, que juntou cerca de três centenas de enfermeiros, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins, alertou para o facto de se estar a preparar um “despedimento em massa”, que abrangerá entre quatro mil a cinco mil enfermeiros.

Segundo José Carlos Martins, algumas administrações têm vindo a identificar o número de profissionais a dispensar nos diferentes serviços, caso se confirme o aumento do horário de trabalho para as 40h.

“Entendemos que mesmo que passem para as 40, os outros serviços estão muito carenciados e podem absorvê-los, mas não é essa a intenção do ministério da Saúde. A intenção é de facto despedir, até porque já correm listas com números de enfermeiros, nesta perspetiva de despedir”, referiu.

Os enfermeiros opõem-se ao aumento do horário de trabalho, defendendo que se deve manter o “atual regime das 35 horas, porque é o que a OIT [Organização Internacional do Trabalho] e a OMS [Organização Mundial de Saúde] aconselham como ajustado à penosidade da profissão de enfermeiro, e aliás está afixado numa convenção para todo o mundo”.

Questionado sobre a possível continuidade do protesto dos enfermeiros, o representante do SEP garantiu que “a luta dos enfermeiros vai continuar na exata medida em que o ministério da Saúde assim determinar”. Caso não se encontrem soluções, alternativas ao aumento do horário de trabalho, será promovida uma vigília constante em frente ao ministério nos dias 22, 23 e 24 de julho.

Luta dos enfermeiros é um “exemplo de responsabilidade”

O secretário geral da CGTP defendeu esta quarta feira que o protesto dos enfermeiros é um “exemplo de responsabilidade” porque estes profissionais lutam “não só pela defesa dos seus direitos como também, e acima de tudo, pela melhoria do serviço público”.

Por outro lado, os enfermeiros chamam ainda a atenção para a situação de milhares de jovens, entre os quais enfermeiros, que são obrigados a sair do país para procurar emprego, adiantou Arménio Carlos. Lembrando que “foi o erário público que investiu na sua formação”, o líder da intersindical acusou o governo de promover uma “política suicida”, que “compromete o presente e põe em causa o futuro”.

Arménio Carlos acusou ainda o ministério da Saúde de recusar a abertura dos sindicatos e dos profissionais e de “andar a fugir durante semanas, meses, a uma solicitação que o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses fez para dialogar, para negociar, e para encontrar uma solução”.

“A riqueza do Serviço Nacional de Saúde são os seus profissionais”

O coordenador nacional do Bloco de Esquerda, que esteve presente na concentração, manifestou a sua solidariedade com a luta dos enfermeiros e frisou que “a riqueza do Serviço Nacional de Saúde são os seus profissionais”. “São eles que dão qualidade ao SNS, de que depois todos nós beneficiamos”, acrescentou.

João Semedo referiu ainda que “é preciso tratar os profissionais com dignidade, decência e seriedade. E é isso que não está a acontecer neste momento”.

No que respeita ao aumento do horário de trabalho dos enfermeiros, o dirigente bloquista frisou que “não reclamamos nenhuma exceção, nenhum benefício para os trabalhadores da saúde, apenas reclamamos que para atividades diferentes haja regimes e estatutos diferentes”, lembrando que está em causa “uma atividade que exige grande esforço físico e psíquico, que não se pode prolongar apenas por razões economicistas”.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins, a nível nacional, a adesão à greve foi de 82% no turno da noite e de 77,7% no turno da tarde de terça-feira.

 

ESQUERDA.NET | Protesto dos enfermeiros | Lisboa 10.07.2013

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