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Venezuela: Chavistas preparam-se para cenário em que oposição não reconheça derrota

Decorrem neste domingo as eleições presidenciais na Venezuela. Segundo todas as sondagens, o chavista Nicolás Maduro será o futuro presidente. Henrique Capriles, candidato da oposição de direita, recusou assinar o compromisso do reconhecimento do resultado das urnas. Chavistas alertam que oposição de direita se prepara para não reconhecer a derrota. Artigo de Vinicius Mansur.

O principal candidato da oposição venezuelana, Henrique Capriles, recusou-se, na última terça-feira (9) a assinar um documento do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) comprometendo-se a reconhecer o resultado da eleição presidencial que acontece no próximo domingo, 14 de abril. Durante toda a sua campanha, Capriles disparou diversas críticas ao órgão eleitoral do país, acusando-o de alinhamento com o poder executivo.

Ao invés do compromisso com o CNE, Capriles assinou, durante um ato de campanha transmitido ao vivo pelo canal de televisão Globovisión, um documento que classificou como “compromisso com os venezuelanos”. No texto, o candidato afirma que cumprirá com a Constituição, mas não explicita se reconhecerá o resultado a ser anunciado pelo CNE. Numa larga entrevista dada à TV Venevisón na noite desta quarta-feira (10), Capriles afirmou que não poderia assinar um documento proposto por um órgão que faz vista grossas para as mais de 100 denúncias apresentadas pela oposição. Entre as denúncias, o uso do canal do estado para fazer propaganda a favor de Maduro e a coerção de eleitores para votar no chavismo.

Denúncias dos chavistas

Horas antes, o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e presidente do Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, apresentou e-mails enviados pelo assessor de Capriles, Armando Briquet, ao especialista em auditorias eleitorais da empresa Esdata, Guillermo Salas. Neles, Briquet trata das ações a serem tomadas caso a oposição resolva não reconhecer o resultado eleitoral.

Cabello também apresentou uma interceção telefónica, onde um homem apresentado como motorista de Carpiles afirma a um interlocutor não identificado que o resultado eleitoral não será reconhecido em caso de derrota.

O dirigente do PSUV ainda reforçou as denúncias feitas pelo governo desde o último domingo (7) sobre a presença de mercenários de El Salvador na Venezuela. De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Elias Jaua, o serviço de segurança do Estado obteve informações que um grupo ligado ao terrorista Luis Posada Carriles entrou no país, articulado com os setores da oposição com o intuito de provocar desestabilizações. O governo ordenou o encerramento das fronteiras. O candidato da oposição taxou de ridículas as acusações.

Temperatura sobe

Incidentes no sistema de eletricidade no país também contribuem para elevar a tensão nas vésperas da eleição. Após uma série de apagões registados em distintas partes do país desde a semana passada, o governo ordenou a presença das Forças Armadas nas estações de energia. Desde então, 17 pessoas foram presas em flagrante, incluindo funcionários da Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec), segundo informe do chefe do Comando Estratégico Operacional da Força Armada Nacional Bolivariana, Wilmer Barrientos.

O militar também informou que 22 escolas que funcionarão como centros eleitorais no estado Bolívar, que faz fronteira com o Brasil, amanheceram sem conexão com a rede elétrica. Entretanto, garantiu que todas as medidas já foram tomadas para recuperá-las e que os 13.638 centros de votação de todo país serão policiados por cerca de 140 mil homens. Barrientos também afirmou que um operativo especial protegerá a rede de telecomunicações.

Também contribuíram para elevar a tensão alguns episódios violentos envolvendo militantes em campanha. Após uma reunião com as Forças Armadas, a presidenta do CNE, Tibisay Lucena, divulgou um comunicado afirmando que o país está preparado para garantir a paz e a democracia e convocou a população a não aderir a provocações. "Só aos aventureiros convém qualquer agressão ao processo. Só a quem não tem oportunidades pela via eleitoral convém nos agredir", diz a nota.

Artigo de Vinicius Mansur, em direto de Caracas, publicado na Carta Maior

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