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Afinal, quem é o BANIF?
Desde que a decisão de injetar 1,1 mil milhões de euros nossos no BANIF foi tornada pública, os arautos da bonança (para variar) desdobraram-se em declarações de tranquilidade: “O BANIF não é o BPN”. Certamente, estas declarações não tranquilizam ninguém, porque ninguém se esquece de Teixeira dos Santos e dos mesmos arautos da bonança a dizer que se tinha de salvar o BPN sob o risco de contaminar o restante sector.
Na altura, Teixeira do Santos, além de anunciar que “nada seria feito que prejudicasse o interesse dos contribuintes”, afirmava que a injeção de 600 milhões de euros seria para que o Banco não fechasse portas. O tempo passou, muita tinta correu, e hoje o buraco pelos vistos pode ir até aos 7 mil milhões. Certamente, não estamos a assistir com o BANIF o mesmo imbróglio que se assistiu com o BPN. Mas a história recente deve levar-nos desde o início destes processos a duvidar de declarações de tranquilidade.
Mas, à parte dos números, há uma coisa em que o BPN e o BANIF são iguais: nas ligações com o poder político. Se o BPN tinha Dias Loureiro e Oliveira Costa, antigos ministros de Cavaco, o BANIF tem também a sua quota de ligações a Cavaco, Carlos Moedas, José Sócrates e Alberto João Jardim. Agora que estão injetados no BANIF 1,1 mil milhões dos contribuintes, é nosso direito saber quem manda nos destinos desse direito. E uma coisa é certa, comparações à parte, para o banco precisar de 1,1 mil milhões de euros, alguém teve culpa. E novamente, é o dinheiro público que o vai salvar.
Um antigo Presidente do Conselho de Administração, Marques dos Santos, disse em 2010 que o BANIF continuaria “autónomo e independente”. Mas então vejamos quem é o BANIF:
- José Lino Tranquada Gomes, Secretário da Assembleia Geral entre 2000 e 2006 e Vogal do Conselho Fiscal entre 2007 e 2011, é deputado na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira (ALRAM) pelo PSD;
- Rui Manuel Silva Gomes do Amaral, administrador de 2000 a 2004, foi Administrador do Banco de Portugal e chegou a ser nomeado pelo PS para Presidente do Conselho de Administração do Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas;
- Carlos Alberto Rosa, Presidente do Conselho Fiscal entre 2000 e 2006, foi deputado do CDS na Assembleia da República;
- José Eduardo Nunes de Melo, administrador em 2006, foi membro do executivo da Junta de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima pela coligação PSD/CDS;
- Fernando Mário Teixeira de Almeida, Presidente do Conselho Fiscal de 2006 a 2012, foi membro da Comissão Política de Cavaco Silva no PSD;
- António Ernesto Neto da Silva, Vogal do Conselho Fiscal de 2007 a 2012, foi Secretário de Estado do Comércio Externo do XI Governo de Cavaco Silva;
- Diogo António Rodrigues da Silveira, administrador de 2007 a 2012, foi sócio de Carlos Moedas, Secretário de Estado Adjunto do Primeiro Ministro do atual Governo;
- João Manuel Figueira da Silva Santos, Secretário da Assembleia Geral em 2007, membro do Conselho Regional do PSD Madeira;
- Luís Manuel Moreira de Campos e Cunha, Presidente da Assembleia Geral entre 2007 e 2010, foi Ministro do primeiro Governo de José Sócrates;
- Miguel José Luís de Sousa, Secretário da Assembleia Geral de 2007 a 2011 e atual Presidente da Assembleia Geral, é deputado do PSD na ALRAM;
- Manuel Carlos de Carvalho Fernandes, administrador desde 2012, foi Secretário de Estado do Tesouro do XI Governo, com Cavaco Silva como Primeiro-Ministro;
- Luís Filipe Marques Amado, atual Presidente do Conselho de Administração, foi Ministro em ambos os Governos de José Sócrates;
Um quem é quem do BANIF não é um exercício de demagogia ou de areia nos olhos. Deve ser tido como um direito à informação estando, neste momento, o Estado e todos nós, para todos os efeitos, com a maior parte da responsabilidade nesse problema. Dizer que é demagogia é fugir ao que estes casos evidenciam: o que o BANIF continua a demonstrar é que entre aqueles que vêm pedir auxílio do dinheiro público aos atuais governantes, estão sempre aqueles que estão ou estiveram ligados a outros Governos anteriores. Não deixa de ser engraçado, e em igual maneira assustador, o modo como estes casos ilustram o braço dado da política e da banca.
Mais um episódio na história de amor-ódio: amor por parte do Estado, que vai sempre ao socorro dum banco em apuros; ódio por parte dos bancos, que só ajudam o Estado se os lucros forem motivo de grandes sorrisos.
Comments
Falta aqui esclarecer uma
Falta aqui esclarecer uma cosia que tem sido afirmada por muita gente e que alem de estar errada, faz toda a diferença.
O dinheiro injectado no BANIF não é dinheiro dos contribuintes !!!
O dinheiro veio do estrangeiro com único propósito de auxiliar os banco que solicitassem para efeitos de recapitalização, como foi o caso do BANIF e outros bancos portugueses, como por exemplo o BCP.
Se esse dinheiro não fosse aplicado nos bancos com o objectivo referido também não seria aplicado com mais nenhum outro fim.
Mais: O dinheiro vai ser usado para compra de divida publica !!!
Ja para não falar dos juros cobrados, que são superiores aos juros que o próprio estado obtém (o dobro!!)
alguém me explique onde é que aqui os contribuintes são prejudicados ???? é que eu não estou a ver, sinceramente deixem-se de afirmações sem sentido.
Concentrem as vossas atenções no que é mais importante!
Falta esclarecer uma coisa no
Falta esclarecer uma coisa no seu comentário: se o Banif não cumprir com o pagamento do empréstimo e abrir falência, o que é que acontece aos 2250 milhões das garantias e do empréstimo da troika? A troika vai encolher os ombros ou acaba por ser o contribuinte a reembolsá-la por via das garantias do Estado? Pois, parece-me que é este o desenlace mais provável nesse cenário.
A mim parece simples o moral desta história: tal como no BCP e no BPI, a dívida pública continua a ser transferida para capitalizar os bancos privados e acabaremos todos por pagar a má gestão do banco que financiou os últimos 25 anos de desvario orçamental de Alberto João Jardim.
Os 12 mil milhões fazem parte
Os 12 mil milhões fazem parte do empréstimo da troika, de 78 mil milhões. Quando faço um empréstimo, o banco dá-me dinheiro, e é minha a responsabilidade de o pagar. O dinheiro que está disponível no fundo de recapitalização da banca, supostamente também vamos ter de o pagar Portanto, para mim, não deixa de ser dinheiro dos contribuintes.
Mas percebi o que queria dizer. Sobre como os contribuintes são prejudicados, referi-me ao BPN no artigo, mas o comentário do aníbal acrescenta algumas hipóteses de resposta à sua pergunta.
Fora isso, espero que tenha compreendido o resto do artigo.
Já agora, o dinheiro que foi injectado no BANIF foi 700 milhões em capital e 400 milhões em dívida, portanto, é errado dizer que o dinheiro vai ser usado para compra de dívida pública.
Um abraço.
a auto industrial. forte
a auto industrial. forte sócia do banif, quebrou uma industria em belem do pará e deixou débitos com impostos federais e com empregados da ordem de dois milhões de euros
o mario santos, do banif,
o mario santos, do banif, comandou e faliu uma operação em belem do pará deixando débitos de dois milhões de euros em impostos e com empregados.
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