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Zero quer redes de gás e eletricidade alinhadas com descarbonização

Os ambientalistas defendem a reavaliação dos vários planos energéticos de forma a atingir a neutralidade carbónica antes de 2050.
Torres elétricas. Foto de Tiago E. Pereira/Flickr.
Torres elétricas. Foto de Tiago E. Pereira/Flickr.

Em comunicado divulgado esta sexta-feira, a Zero defendeu que o futuro das redes de eletricidade e de gás deve estar alinhado com a descarbonização da sociedade. Os ambientalistas querem que os planos existentes sejam reavaliados, nomeadamente, o Plano Decenal Indicativo de Desenvolvimento e Investimento da Rede Nacional de Transporte, Infraestruturas de Armazenamento e Terminais de Gás Natural Liquefeito para o período 2022-2031 (PDIRG 2021) e o Plano de Desenvolvimento e Investimento na Rede de Transporte de Eletricidade para o período 2022-2031 (PDIRT-E 2021).

A Zero defende um plano único que inclua a futura rede de hidrogénio verde produzido de fontes renováveis e o Plano de Desenvolvimento e Investimento na Rede de Transporte de Eletricidade, em que a prioridade do sistema energético nacional seja “a sua eletrificação, acompanhada do aumento da produção renovável, por forma a atingir a neutralidade carbónica antes de 2050”. De acordo com a organização, a utilização do hidrogénio não pode justificar a perpetuação do gás fóssil e a sua infraestrutura de transporte.

Sobre o PDIRG, que esteve em consulta pública, a Zero defende que os seus pressupostos “são frágeis e requerem uma reavaliação”. A associação defende  que “é necessário repensar a forma como o operador de rede de gás desenvolve este importante instrumento para o desenvolvimento das redes energéticas do país". Por exemplo, "os fatores utilizados para a definição dos pressupostos não têm em conta fatores que terão impacto sobre o setor, como sejam as políticas climáticas ou a adoção de novas alternativas tecnológicas pelos consumidores”. Critica-se ainda a “inexistência de uma avaliação de impacto das políticas climáticas” na utilização de gás fóssil.

O desenvolvimento da rede de hidrogénio precisaria de uma análise sem a qual se partirá do princípio de que a rede de gás corresponde aos pontos de procura e consumo de hidrogénio. Ora, isso é “incorreto", acrescenta a Zero, pois "o custo-eficácia do hidrogénio face às alternativas existentes para o gás fóssil em determinados setores é substancialmente diferente”. Defende-se que a mistura de hidrogénio com gás fóssil permitiria “alavancar a produção de hidrogénio verde e desenvolver em Portugal as cadeias de valor do hidrogénio”. Mas adverte-se que os custos disto não deverão ser transferidos para os consumidores, porque os atuais consumidores de gás “não serão necessariamente os consumidores de hidrogénio no futuro”.

No mesmo comunicado, a Zero toma posição sobre a rede elétrica. Diz-se que “a proposta de PDIRT-E 2021 continua focada numa perspetiva tradicional de evolução do Sistema Elétrico Nacional (SEN) com a produção por um lado e o consumo passivo por outro, sem perspetivar uma maior participação ativa do consumo, e de todas as potencialidades do armazenamento distribuído, e com impactos significativos ao nível da necessidade de construção de novas linhas de transporte de eletricidade”.

Seria preciso que o operador da rede de transporte tivesse uma abordagem “mais estruturada” e é “importante que se comecem a desenhar desde já os necessários estudos de suporte ao PDIRT-E que tenham em conta a tendência crescente do comportamento ativo dos consumidores, bem como do contributo positivo da produção distribuída nas decisões de investimento, tanto na rede de transporte como na rede de distribuição”.

Pretende-se ainda e imediatamente “uma estratégia concertada para potenciar soluções de carregamento inteligente” de veículos elétricos.

O documento avalia que “não há, ou pelo menos não é descrita e analisada, uma visão global para o País sobre a localização mais vantajosa da nova geração renovável e de que tipo (apenas é referido que o sul tem mais apetência para a Solar e o norte para a Eólica), de modo a que se possa construir uma visão ambiental estratégica de minimização de impactos”. Assim, as avaliações ambientais estratégicas deveriam ir mais além, nomeadamente ao nível de definição de boas práticas resultantes da adoção e monitorização dos projetos no terreno.

A Zero alega ainda que “no caso da rede elétrica, é fundamental acautelar as consequências resultantes da instalação de linhas aéreas em áreas povoadas, através de linhas parcialmente enterradas, a definição de custos acordados para aplicação de sistemas de minimização do impacto das linhas elétricas sobre a avifauna e que nos projetos os planos de monitorização atualmente pouco transparentes e sem resultados palpáveis que não conduzem a qualquer alteração concreta após a implementação dos projetos no terreno, conduzam a verdadeiras intervenções visando mitigar os impactos”.

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