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Zero critica plano de expansão do regadio

Além de acusar o estudo “Regadio 2030” de pretender replicar o modelo de intensificação agrícola de Alqueva para todo o país, os ambientalistas denunciam que dos 99 novos regadios previstos, mais de 20 irão afetar áreas que integram a Rede Natura 2000.
Olival superintensivo em Alfundão.
Olival superintensivo em Alfundão. Fotografia de Paula Nunes

O estudo “Regadio 2030: Levantamento do Potencial de Desenvolvimento do Regadio de Iniciativa Pública no Horizonte de uma Década” esteve em consulta pública até à semana passada. Elaborado pela Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA), este estudo pretende ser a base para o programa nacional de regadios para a próxima década.

Em comunicado, a associação ambientalista Zero denuncia que este estudo, que propõe um investimento entre 790 e 2.000 milhões de euros para a criação de novos regadios e melhoramento dos atuais, prevê uma expansão das áreas regadas para aproveitamentos hidroagrícolas que pode chegar aos 134 mil hectares. Mas “dos 99 novos regadios, mais de 20 irão afetar áreas em rede Natura 2000, conflituando com os compromissos de conservação”, apontam.

Ao todo, “um terço dos projetos para novos regadios integram áreas classificadas, incluindo Zonas de Proteção Especial (ZPE) e Zonas Especiais de Conservação (ZEC) pertencentes à rede Natura 2000”, refere a Zero, sublinhando que “os objetivos de conservação destas áreas não são conciliáveis com a tipologia de regadio e o modelo de intensificação agrícola que se propõe no estudo apresentado, por levar à destruição dos habitats a preservar e à consequente degradação da biodiversidade”.

Além disso, o estudo deixa de fora “soluções efetivas para os agricultores nos territórios mais vulneráveis às alterações climáticas e aos processos de desertificação e despovoamento”, e a Zero não acredita nas promessas de criação de emprego e inversão das tendências demográficas nas regiões do interior, pois hoje em dia, segundo dados do INE do ano passado, “os concelhos abrangidos pelos empreendimentos continuam a registar perda de população”.

Em alternativa, a Zero defende que a política agrícola nacional “deverá ter em conta as características deste modelo de intensificação agrícola e considerar outros modelos e abordagens na programação da estratégia nacional para o regadio, garantindo retornos sócioambientais do enorme investimento público – usando uma abordagem agroecológica”.

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