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A voz de Frida Kahlo: gravação inédita é tida como o único registo sonoro da pintora

São 90 breves segundos de áudio. Uma voz feminina lê um texto de homenagem a um homem que se percebe ser pintor. Os especialistas da Fonoteca Nacional do México afirmam tratar-se de um fragmento de um texto escrito por Frida Kahlo para celebrar os 50 anos de carreira do muralista Diego Rivera, o seu marido. E acreditam mesmo tratar-se da voz da própria pintora.
O anúncio da descoberta daquela que seria a única gravação da voz de Frida Kahlo foi feito na passada quarta-feira pela secretária de Estado da Cultura mexicana, Alejandra Frausto. Esta gravação fazia parte da coleção de Álvaro Gálvez y Fuentes, conhecido como “El Bachiller”, um radialista famoso nos anos cinquenta no México.
A análise ao material sonoro é agora da responsabilidade da Fonoteca Nacional do México. Pavel Granados, o diretor desta instituição, é cauteloso, esclarecendo que a gravação “ainda está a ser estudada” mas acrescenta que a “conclusão próxima, sem dar 100% de certeza” é a de que poderia mesmo ser de Frida Kahlo.
En este fragmento, correspondiente a un piloto para un programa de radio, producido y conducido por Álvaro Gálvez y Fuentes, se escucha “Retrato de Diego”, escrito por Frida Kahlo y probablemente leído por ella misma. #FridaKahlo pic.twitter.com/Bo4UoETjO3
— Fonoteca Nacional (@Fonoteca) 13 de junho de 2019
“Com a sua cabeça asiática, na qual nasce um cabelo escuro, tão fino que parece flutuar no ar, é um menino grande, imenso, com um rosto gentil e um olhar triste” pode-se ouvir esta voz feminina dizer ler um texto num tom que condiz com as descrições conhecidas da pintora. Os peritos têm a certeza que não se trata de uma locutora profissional, porque se ouve a respiração e pelo cecear da voz. E o texto lido também se encaixa na teoria de que se trata da pintora falecida em 1954: trata-se de um fragmento de um texto recuperado mais tarde pela historiadora argentina Raquel Tibol, confirmado como da sua autoria.
Mais, o locutor confirma na gravação que se trata dela. E se é a primeira gravação conhecida, esta descoberta do espólio de 1300 gravações de El Bachiller levanta a possibilidade de se encontrarem mais. Cabe agora à Fonoteca Nacional do México o trabalho de continuar a procurar pela voz que o seu diretor diz que “sempre foi um enigma, uma busca sem fim”.
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