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Violência no namoro: 1787 casos denunciados

A violência no namoro é uma realidade cada vez mais expressiva e preocupante. Segundo dados da UMAR, um em cada quatro jovens consideram-na legítima.
Mulher a chorar
Violência doméstica, foto de Wikimedia Commons.

Dados da PSP, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) divulgados no dia de São Valentim apontam para uma realidade nada romântica, o facto de a violência no namoro ser transversal à sociedade e estar a aumentar.

Dados de 2016 da PSP mostram que foram denunciados 1787 casos, dos quais 1020 entre ex-namorados e 767 entre namorados. 103 destes casos ocorreram entre menores de 17 anos. A violência é transversal a todas as classes sociais e nos últimos três anos as denúncias têm vindo sempre a aumentar, desde que em 2013 a violência no namoro passou ser considerada crime e incluída no crime público de violência doméstica.

Segundo declarações de Daniel Cotrim da APAV ao Diário de Notícias, nas relações em que há violência no namoro e a vítima é menor, os seus pais muitas vezes não têm conhecimento da relação, a primeira relação sexual é praticamente forçada, os namorados muitas vezes escolhem as roupas das raparigas quando saem à noite e eles têm acesso às passwords das suas contas de mail e de facebook (mas não vice-versa).

Dados de um inquérito feito com 5500 jovens publicados esta terça feira pela UMAR revelam que 19% de jovens inquiridos já foram vítimas de violência psicológica,  24% dos jovens consideram normal partilhar fotos íntimas ou insultar o/a parceiro/a através das redes sociais e 14% legitimam a violência psicológica. 

A UMAR assinala o dia de São Valentim associando-se à campanha One Billion Rising para acabar com a violência contra as mulheres, uma campanha internacional que teve início em 2012 a partir da divulgação da informação que 1 em cada 3 mulheres no planeta será espancada ou violada durante a sua vida. Para tal, a associação feminista marca encontro às 19h no centro LGBT na Rua dos Fanqueiros, em Lisboa.

Apesar de as queixas em casos de violência no namoro e, em particular, violência doméstiva estarem a aumentar, isto não se reflete num aumento de condenações. Em cada cinco queixas por violência doméstica, quatro são arquivadas, a grande maioria por falta de provas. Por outro lado, o Observatório Permanente da Justiça realizou um estudo onde revelou que a insensibilidade, o preconceito e o sexismo estão na base de muitas decisões judiciais relacionadas com crimes de violência doméstica.

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