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Violência doméstica já matou 28 mulheres este ano

Nos últimos 15 anos, foram 500 as mulheres assassinadas em Portugal em contexto de violência doméstica. Em 2019 existiram também 27 tentativas de femicídio e 45 órfãos.
Violência doméstica já matou 28 mulheres este ano

A associação União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) apresenta hoje o relatório preliminar sobre a realidade das mulheres assassinadas em Portugal desde 01 de janeiro até ao dia 12 de novembro. O documento baseia-se nos dados do Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA) desta associação.

Nele lê-se que nos últimos 15 anos foram 500 as mulheres assassinadas em contexto de relações de intimidade em Portugal. Só em 2019 foram 28 as mulheres assassinadas neste contexto.

O OMA trabalha a partir das notícias publicadas pela imprensa em Portugal. Foi a partir desse meio que chegou às 28 mulheres mortas em contexto relações de intimidade ou familiares, além de outras duas mortas em diferentes contextos, e às 27 tentativas de homicídio.

Em média, foram assassinadas três mulheres em cada mês e cinco foram vítimas de formas de violência extrema.

“No que concerne à relação existente entre vítimas e homicidas, à semelhança dos anos anteriores, continuamos a verificar que 53% das mulheres assassinadas mantinha uma relação de intimidade presente com o homicida ao passo que 21% já tinha procurado romper com essa relação”, lê-se no relatório.

O OMA também indica que é nas relações de intimidade, sejam elas presentes ou já terminadas, que ocorrem a maioria das situações de violência: 74%, lê-se no relatório.

O relatório cruza igualmente os dados de femicídio e de violência doméstica e conclui que, entre as mulheres assassinadas em contexto de relações de intimidade, 71% tinham sofrido violência doméstica anteriormente.

“Nesse sentido, em 71% das situações é muito provável que alguém próximo tivesse conhecimento de tal violência”, refere o OMA. A UMAR usa esses dados para voltar a defender a implementação de programas de prevenção primária.

Na sequência destas mortes, o Observatório contou 45 filhos/as que perderam a mãe. Destes, 26 eram fruto de um relacionamento anterior e 19 eram também filhos/as do homicida. A UMAR defende igualmente a necessidade de um maior cuidado com as crianças vítimas de violência doméstica, sobretudo as que ficam órfãs.

A associação feminista defende a necessidade de criar “estruturas especificas com métodos, instrumentos e respostas especializadas e ajustadas às especificidades das mulheres idosas, sobretudo em zonas mais afastadas dos grandes centros urbanos”.

A maioria das mulheres vítimas de femicídio tinham idades compreendidas entre os 36 e os 50 anos (43%), seguidas daquelas com idade superior a 65 anos (21%). Metade das mulheres assassinadas estavam inseridas no mercado de trabalho. A maioria dos femicídios ocorreram no mês de janeiro, com sete mortes. As estatísticas revelam também que é em Lisboa que se observam mais mortes, com sete casos de mulheres assassinadas, seguida de Braga e Setúbal, cada uma com quatro casos. Por fim, a maioria das mortes ocorreram com recurso a armas de fogo. Em oito casos as mulheres foram esfaqueadas, três espancadas, três estranguladas ou uma morta por asfixia.

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