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Vila Galé cancela projeto de hotel de luxo em terras indígenas

Em comunicado, o grupo anunciou o cancelamento do contestado projeto turístico na Bahia, em terras reclamadas pela comunidade Tupinambá de Olivença. Uma decisão "que dá mais força à resistência indígena que terá de continuar no Brasil", afirma José Soeiro.
Praia em Ilhéus, Bahia.
Praia em Ilhéus, Bahia, um dos municípioscomterras reclamadaspela comunidade Tupinambá. Foto andresumida/Flickr.

A pressão pública surtiu efeito e o grupo hoteleiro Vila Galé desistiu do seu projeto de construção no litoral do estado brasileiro da Bahia. Segundo o comunicado, o grupo entende não ser do seu interesse “que um Hotel Resort Vila Galé nasça com a iminência de um clima de 'guerra’”, ainda que a considere “injusta e sem fundamento” e se refira a “algumas declarações falsas, dramáticas e catastróficas que deveriam envergonhar quem as profere”.

A contestação começou após o site Intercept ter noticiado que o grupo hoteleiro queria fechar o processo de demarcação de terras indígenas nos municípios de Una e Ilhéus para assim levar adiante o investimento de 45 milhões de euros.

Os mais de quatro mil índios da comunidade Tupinambá de Olivença lutam há anos pela demarcação do seu território e os seus líderes deslocaram-se à embaixada portuguesa em Brasília e ao nosso país para sensibilizar o governo e a sociedade portuguesa para a ocupação ilegítima das suas terras.

Em Portugal, o deputado bloquista José Soeiro foi um dos que denunciou o caso e foi depois contactado pelo grupo Vila Galé, a quem propôs um debate público no parlamento. Após esse encontro em que ficou patente o desconhecimento por parte da empresa do que está em causa, o deputado concluiu que “se os princípios enunciados pelo grupo Vila Galé são mesmo para levar a sério, então o melhor é o grupo anunciar já o cancelamento definitivo do projeto”.

Conhecido o anúncio do grupo, José Soeiro diz que ele é “uma vitória da mobilização dos Tupinambá, da articulação dos indígenas e de todos os que, também em Portugal, se opuseram ativamente a este projeto”.

Para o deputado bloquista, “a pressão exercida por cá, nomeadamente pelo Bloco e pelos antropólogos dos dois países, também foi muito importante". Com esta decisão, cancelado o processo, "perde claramente a avidez económica e perdem os representantes políticos que se têm oposto à demarcação das terras, ganham os direitos humanos e a preservação dos modos de vida que garantem a proteção do território”, acrescentou.

Por isso, concluiu José Soeiro, esta “é uma decisão que deve ser saudada e é acima de tudo uma grande vitória dos Tupinambá, que dá mais força à resistência indígena que terá de continuar no Brasil, tendo em conta, nomeadamente, as posições do atual presidente”.

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