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Vereador de Moedas abre “exceção” e autoriza festa em pleno estado de alerta contra incêndios
“É chocante que em pleno estado de alerta e com o país a braços com violentos incêndios florestais, a Câmara Municipal tenha posto em risco o Parque Florestal de Monsanto, ignorando o estado de alerta decretado pelo governo”, escreve a vereadora do Bloco de Esquerda Beatriz Gomes Dias.
O Bloco assinala que o vereador Ângelo Pereira “não cumpriu com o necessário dever de responsabilidade as suas competências como vereador da Proteção Civil e que, por isso, é necessário saber se Carlos Moedas considera que o vereador mantém condições para se manter no executivo”.
A festa “Deejay Kamala 360”, realizada a 20 de julho, está, de acordo com o jornal Expresso, amplamente retratada nas redes sociais. A iniciativa teve lugar na Pateira, no coração da Tapada da Ajuda, rodeado pela serra de Monsanto. O espaço, que é frequentemente utilizado para festas e cerimónias privadas, conta com um restaurante, um pátio e um deck.
O Bloco de Esquerda considera muito grave a autorização dada pelo vereador Ângelo Pereira a uma festa no Parque Florestal de Monsanto em pleno estado de alerta de incêndios florestais.
1/4 pic.twitter.com/orRaGIbABo— Bloco Lisboa (@LisboaBloco) August 5, 2022
O jornal recorda que o despacho do Governo relativo à prorrogação do estado de alerta até 21 de julho, que previa a proibição do “acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, previamente definidos nos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios” foi publicado na noite de dia 19 de julho.
E foi exatamente nessa noite, já depois da meia-noite, que o artista e empresário DJ Kamala enviou um e-mail a Ângelo Pereira, vereador com os pelouros da Estrutura Verde e da Proteção Civil, com um “Pedido de exceção”.
Apesar da hora avançada, cerca de 20 minutos depois, já uma responsável da autarquia solicitava aos diretores uma “análise urgente”. A resposta surgiu logo às 13h de dia 20. Ângelo Pereira, também líder da distrital do PSD/Lisboa, dava o seu aval: “Concordo com o proposto e autorizo”.
Para garantir a realização da festa, todos os procedimentos foram acelerados. Ainda antes de a Proteção Civil Municipal (SMPC) se pronunciar, já uma das direções municipais recomendava que fosse dada autorização para a realização do evento. E foi com base nesta recomendação que Ângelo Pereira emitiu um parecer positivo. A vistoria ao local, essa, só foi feita da parte da tarde, e a autorização final da SMPC foi conhecida já após a hora prevista para o início do evento, que arrancou perto das 20h.
A Junta de Freguesia de Alcântara (JFA), que costuma ser chamada a pronunciar-se sobre realizações desta índole, não recebeu “qualquer pedido relativo a este evento”.
A autorização para a festa “Deejay Kamala 360” revestiu-se, de facto, de caráter excecional. O Expresso refere que foram ser adiados casamentos em cima da data, ou a sua localização alterada, neste e noutros parques. E, inclusive, a equipa de râguebi Agronomia viu interditos os seus treinos nos campos da Tapada.
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