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Vereador de Moedas abre “exceção” e autoriza festa em pleno estado de alerta contra incêndios

Bloco de Esquerda considera muito grave a autorização dada pelo vereador da Câmara Municipal de Lisboa Ângelo Pereira a uma festa no Parque Florestal de Monsanto em pleno estado de alerta de incêndios florestais. Vereadora Beatriz Gomes Dias exige esclarecimentos ao executivo camarário.
Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Foto de Estela Silva, Lusa.

“É chocante que em pleno estado de alerta e com o país a braços com violentos incêndios florestais, a Câmara Municipal tenha posto em risco o Parque Florestal de Monsanto, ignorando o estado de alerta decretado pelo governo”, escreve a vereadora do Bloco de Esquerda Beatriz Gomes Dias.

O Bloco assinala que o vereador Ângelo Pereira “não cumpriu com o necessário dever de responsabilidade as suas competências como vereador da Proteção Civil e que, por isso, é necessário saber se Carlos Moedas considera que o vereador mantém condições para se manter no executivo”.

A festa “Dee­jay Kamala 360”, realizada a 20 de julho, está, de acordo com o jornal Expresso, amplamente retratada nas redes sociais. A iniciativa teve lugar na Pateira, no coração da Tapada da Ajuda, rodeado pela serra de Monsanto. O espaço, que é frequentemente utilizado para festas e cerimónias privadas, conta com um restaurante, um pátio e um deck.

O jornal recorda que o despacho do Governo relativo à prorrogação do estado de alerta até 21 de julho, que previa a proibição do “acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, previamente definidos nos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios” foi publicado na noite de dia 19 de julho.

E foi exatamente nessa noite, já depois da meia-noite, que o artista e empresário DJ Kamala enviou um e-mail a Ângelo Pereira, vereador com os pelouros da Estrutura Verde e da Proteção Civil, com um “Pedido de exceção”.

Apesar da hora avançada, cerca de 20 minutos depois, já uma responsável da autarquia solicitava aos diretores uma “análise urgente”. A resposta surgiu logo às 13h de dia 20. Ângelo Pereira, também líder da distrital do PSD/Lisboa, dava o seu aval: “Concordo com o proposto e autorizo”.

Para garantir a realização da festa, todos os procedimentos foram acelerados. Ainda antes de a Proteção Civil Municipal (SMPC) se pronunciar, já uma das direções municipais recomendava que fosse dada autorização para a realização do evento. E foi com base nesta recomendação que Ângelo Pereira emitiu um parecer positivo. A vistoria ao local, essa, só foi feita da parte da tarde, e a autorização final da SMPC foi conhecida já após a hora prevista para o início do evento, que arrancou perto das 20h.

A Junta de Freguesia de Alcântara (JFA), que costuma ser chamada a pronunciar-se sobre realizações desta índole, não recebeu “qualquer pedido relativo a este evento”.

A autorização para a festa “Dee­jay Kamala 360” revestiu-se, de facto, de caráter excecional. O Expresso refere que foram ser adiados casamentos em cima da data, ou a sua localização alterada, neste e noutros parques. E, inclusive, a equipa de râguebi Agronomia viu interditos os seus treinos nos campos da Tapada.

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