Secretário-geral do Conselho de Defesa da Nação renuncia
No passado dia 13 de junho, foi conhecido que o general Alexis López Ramírez tinha renunciado no dia 7 de junho ao cargo de secretário-geral do Conselho de Defesa da Nação da Venezuela.
Em comunicado, que divulgou na sua conta no twitter (ver abaixo), o general confirma que renunciou ao cargo, afirma que a sua renúncia se deve ao seu “desacordo com o procedimento utilizado para convocar e eleger uma Assembleia Nacional Constituinte”. O general diz também que é um oficial reformado e que a sua posição não tem nenhum efeito prático na atuação da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e disponibiliza-se para o diálogo e para a procura de soluções para os problemas que o país atravessa.
Bolivarianamente... pic.twitter.com/24Z59KjeBy
— Alexis López (@AlexisALopezR) June 13, 2017
Maduro substitui comandante da GNB

Nesta terça-feira, 20 de junho de 2017, Nicolás Maduro, procedeu à nomeação de um conjunto de comandos militares.
Manteve Vladimir Padrino López como ministro da Defesa, mas nomeou o almirante Remigio Ceballos como Comandante Estratégico Operacional da Força Armada Nacional Bolivariana (Ceofanb).
Nomeou para novo ministro dos Transportes o antigo comandante do exército, general Juan García Toussaint e nomeou novos chefes do exército e da marinha.
Maduro substituiu também o comandante da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), a força mais implicada na brutal repressão das manifestações e dos protestos.
Maduro anunciou ainda a incorporação de mais 40.000 jovens na polícia e na guarda nacional (GNB).
Maduro, governo e PSUV contra a Procuradora

Desde que a Procuradora Geral, Luisa Ortega Diaz, uma conhecida chavista, se manifestou em defesa da Constituição e se opôs à convocação de uma Assembleia Constituinte, passou a ser um alvo preferencial do Presidente da República, do seu governo e do seu partido.
Na passada sexta-feira, 16 de junho de 2017, o deputado do PSUV Pedro Carreño entregou ao Supremo Tribunal de Justiça um documento a pedir uma junta médica integrada por psicólogos e psiquiatras para determinar a incapacidade da Procuradora-Geral para o exercício do cargo. O deputado declarou então que Luisa Ortega Diaz “deixou de ser a procuradora e se converteu numa voz da direita”.
Vergonhosamente, o Supremo Tribunal de Justiça aceitou o pedido do PSUV e decidiu convocar uma audiência pública com a Procuradora Geral da República, com o deputado Pedro Carreño e com o Conselho Moral Republicano. É de salientar que, segundo a atual Constituição venezuelana, a Procuradora Geral só pode ser demitida pela Assembleia Nacional.
“Desmantelar o Ministério Público atenta contra o Estado”
Na passada segunda-feira, 19 de junho de 2017, os trabalhadores do Ministério Público reuniram-se em plenário. Enquanto os procuradores e trabalhadores do Ministério Público participavam na assembleia, apoiantes do governo puseram um estrado à porta do edifício e concentraram pessoas para impedir a realização do plenário, para enxovalhar os participantes e, sobretudo, para atemorizar pela ameaça de violência os representantes do Ministério Público.
Intervindo no atribulado plenário, Luisa Ortega Diaz alertou: “Desmantelar o Ministério Público atenta contra o Estado”. A Procuradora Geral denunciou também que o “Supremo Tribunal de Justiça nega aos venezuelanos o direito à tutela judicial efetiva”, reafirmou que a convocatória de uma Assembleia Nacional Constituinte é ilegal e insistiu na necessidade de convocação de um referendo consultivo para decidir sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte.
Intervindo no mesmo plenário, Rafael Gonzáles Arias, Vice-Procurador Geral, apoiou Luisa Ortega Diaz e afirmou: “retomaremos o fio constitucional e os conflitos serão dirimidos pela democracia”.
Em post no twitter, o general Alexis López Ramírez manifesta a sua solidariedade com a Procuradora Geral e afirma que “é necessário recuperar o Estado e especialmente o Estado de Direito”.
Me solidarizo con la fiscal @lortegadiaz. Es necesario recuperar el Estado y especialmente el Estado de Derecho.
— Alexis López (@AlexisALopezR) June 20, 2017
Maduro passa ao ataque aos chavistas críticos
Em dezembro de 2015 o Presidente Maduro, o seu governo e o seu partido – PSUV – sofreram uma profunda derrota elegendo apenas um terço dos deputados da Assembleia Nacional. Desde então, Maduro governa por leis de exceção em Estado de Emergência. A situação económica e social, causa principal para a profunda derrota, continuou em agravamento, sobretudo devido à falta de alimentos e medicamentos. A conflitualidade política igualmente se agravou com o governo procurando apenas manter o poder a qualquer custo, evitando e adiando eleições, impedindo a realização de um referendo revogatório ao Presidente da República, apesar de convocado segundo os preceitos da Constituição de 1999.
O conflito político e social agudiza-se na Venezuela com a imposição da convocação de uma Assembleia Constituinte por parte do governo de Maduro. Todos os dias há manifestações e protestos contra o Governo.
A Nicolás Maduro não bastavam os protestos convocados diariamente pela Oposição, liderada pela MUD, e aos quais apenas responde com o uso da repressão violenta da GNB e dos “coletivos” para-militares. Maduro decidiu escalar o conflito e atacar os chamados “chavistas críticos”, caminhando para um isolamento cada dia maior e apoiado apenas pela força repressiva, numa posição realmente de direita e negando o património de Hugo Chávez, independentemente da avaliação que dele façamos.
Vejamos, a propósito o apelo de Nicmer Evans da Marea Socialista:
#MensajeParaMaduro dale RT para que le llegue... pic.twitter.com/gbqJ17quGl
— Nicmer Evans (@NicmerEvans) June 16, 2017
Artigo de Carlos Santos para o esquerda.net