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Vários milhares em manifestação pela valorização do trabalho e dos trabalhadores
Milhares de pessoas de todo o país participam este sábado em Lisboa numa manifestação promovida pela CGTP em defesa da valorização do trabalho e dos trabalhadores. Uma faixa vermelha com a inscrição "valorizar o trabalho e as pessoas" abriu a manifestação, que teve início no Marquês de Pombal, terminando na praça dos Restauradores.
A Avenida da Liberdade encheu-se de cartazes onde se podiam ler frases como: "Salário mínimo de 600 euros em janeiro de 2018", "Fartos de serem maltratados, trabalhadores exigem salários justos", "posto de trabalho permanente = vínculo de trabalho efetivo".
Ao som de tambores, os manifestantes gritaram palavras de ordem como "a luta continua nas empresas e na rua", "é mesmo necessário o aumento do salário", "igualdade salarial é urgente em Portugal", "emprego estável sim, precariedade não".
Entre as medidas exigidas pela CGTP estão o aumento geral dos salários em pelo menos 4%, a fixação do Salário Mínimo Nacional em 600€, em janeiro de 2018, o combate à precariedade, o horário de 35 horas semanais, 25 dias úteis de férias e o fim das penalizações das reformas para quem tem pelo menos 40 anos de contribuições.
“A luta vai, garantidamente, continuar”
No final da manifestação nacional pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, o responsável da comissão executiva da CGTP, João Torres - que falou em vez do secretário-geral da intersindical, Arménio Carlos, por este se encontrar afónico - frisou que “a luta é o motor do desenvolvimento”, como revelaram os “avanços” alcançados com os professores esta semana quanto às progressões na carreira.
“Há avanços, mas é curto o caminho até agora percorrido quando comparado com o muito que há para andar”, frisou o dirigente sindical, defendendo que “é preciso uma reposição mais consistente de rendimentos e de direitos”.
João Torres garantiu ainda que “a luta vai, garantidamente, continuar”.
“Quanto melhor for a qualidade do emprego hoje melhor vai ser o futuro de todos”
Em declarações ao Esquerda.net, João Torres destacou que a adesão massiva à manifestação “é reveladora de que há insatisfação”.
Reconhecendo que “há avanços positivos na reposição de rendimentos e de direitos”, o representante da intersindical sinalizou, contudo, que ainda “há uma divida muito grande para com os trabalhadores, os reformados, os jovens, que vem da política de direita, do anterior governo, e que tem de ser saldada”.
“Quanto melhor for a qualidade do emprego hoje melhor vai ser o futuro de todos”, vincou.
“É preciso reequilibrar as relações de trabalho”
O Bloco de Esquerda marcou presença nesta manifestação. Em declarações ao Esquerda.net, o deputado bloquista José Soeiro referiu que “é muito importante contar com a exigência dos trabalhadores”.
“Aliás, a mobilização social, a mobilização sindical faz a diferença, e já tem feito a diferença, por exemplo, na discussão deste Orçamento”, acrescentou.
De acordo com José Soeiro, “estamos, neste momento, perante um bloqueio no que diz respeito à reversão da legislação laboral da troika, um impasse que faz com que a política de recuperação de rendimentos permita criar mais emprego, mas o emprego que é criado é enquadrado pela legislação laboral do PSD e do CDS, que promoveu a precariedade e embarateceu os custos do trabalho”.
“Precisamos de reequilibrar as relações de trabalho e de reconstruir as relações coletivas de trabalho e, para isso, é preciso acabar com a caducidade unilateral das convenções coletivas e garantir que as mesmas não são negociadas sobre essa chantagem”, defendeu o dirigente bloquista.
José Soeiro sinalizou ainda que “precisamos de um grande trabalho de combate à precariedade no setor privado, de reverter o embaratecimento do trabalho e a flexibilização e facilitação dos despedimentos que foi introduzida na legislação laboral em 2012”.
“Esse é um compromisso fundamental do Bloco de Esquerda, é uma exigência dos trabalhadores: valorizar o trabalho e recuperar rendimentos também por via da legislação do trabalho”, rematou.
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