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Vaga de calor provoca centenas de mortes no Canadá e EUA

Em ambos os países as temperaturas atingiram máximos desde que há registos. O presidente norte-americano, Joe Biden, culpa as alterações climáticas.
Termometro. Foto de Stuart Rankin/Flickr.
Termometro. Foto de Stuart Rankin/Flickr.

O oeste do Canadá e o noroeste dos Estados Unidos estão a ser atingidos por uma onda de calor sem precedentes. Na zona de Vancouver os termómetros passaram dos 49ºC. E em Lytton, na Colúmbia Britânica, alcançou-se mesmo a temperatura recorde de 49,6ºC, num país onde antes deste domingo nunca se tinham registado temperaturas acima dos 45ºC.

As autoridades de ambos os países estimam que centenas de pessoas tenham morrido como consequência das altas temperaturas dos últimos dias, sobretudo na Colúmbia Britânica, no Canadá, e nos estados de Washington e Oregon, nos EUA. Na Colúmbia Britânica, registaram-se 486 mortes entre a passada sexta-feira e esta quarta-feira segundo Lisa Lapointe, a médica legista chefe da região, num período em que a média normal seriam 165. A responsável esclarece ao New York Times que “apesar de ser ainda demasiado cedo para dizer quantas destas mortes estão relacionadas com o calor, acredita-se que o aumento significativo de mortes registadas é atribuível ao calor extremo”.

Só em Vancouver, calcula-se que o calor tenha sido um fator importante para o falecimento de 65 das 134 pessoas que foram vítimas de mortes súbitas desde a passada sexta-feira. O chefe da polícia local, Steve Addison, contou à BBC que nunca tinham existido tantas mortes súbitas diárias na zona, sendo três ou quatro o número habitual. Esta terça-feira foram 20.

Escolas e centros de vacinação contra a Covid-19 fecharam, aparelhos de ar condicionado esgotaram nas lojas. E um morador disse à agência de notícias AFP que os hotéis esgotaram devido ao número de reservas de pessoas que procuravam alojamento num local com ar condicionado.

O mesmo jornal indica que o gabinete médico público do estado do Oregon atribui, na quarta-feira, pelo menos 63 mortes nos últimos cinco dias à onda de calor. 45 destas no Condado de Multnomah County, que inclui Portland, onde se fizeram sentir 46,6ºC. Também do estado de Washington chegam informações de várias mortes já atribuídas à hipertermia, embora em todos estes locais os números estejam ainda longe de estar totalmente apurados. No Condado de King, que inclui Seattle, as autoridades atribuem, desde já, 13 mortes ao calor.

O presidente norte-americano, Joe Biden, ligou diretamente a onda de calor às alterações climáticas: “alguém acreditaria que íamos ter 116 graus [Fahrenheit] em Portland, Oregon? Mas não se preocupem, não há aquecimento global, porque ele é apenas um fruto da nossa imaginação", ironizou. Encontrou-se com os responsáveis políticos destes estados e prometeu ajuda federal para o minimizar as consequências da situação.

Entretanto, a seca e o calor provocaram incêndios que queimaram mais de 600 hectares nos EUA.

A Organização Mundial de Saúde considera que as ondas de calor estão entre os mais perigosos riscos naturais mas nem sempre os números de vítimas são contabilizados devidamente. Entre 1998 e 2017 terão morrido mais de 166.000 pessoas por sua causa. Um estudo publicado já este ano liga 37% das mortes ocorridas devido a ondas de calor às alterações climáticas.

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