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Trump suspende vistos de residência permanente para os EUA

Donald Trump assina esta quarta-feira uma ordem executiva para limitar a imigração para os Estados Unidos. Uma decisão vista por muitos como uma manobra para retirar o foco da sua incompetência para gerir a crise pandémica e capitalizar politicamente, em ano de eleições, com o discurso anti-imigração.
Foto de Ninian Reid/Flickr

Na segunda feira, o Presidente do Estados Unidos anunciou, como já é hábito, através de um tweet que “face ao ataque do Inimigo Invisível, assim como à necessidade de proteger os empregos dos nossos formidáveis cidadãos americanos” assinaria “uma ordem executiva para suspender temporariamente a imigração para os Estados Unidos”.

Na conferência de imprensa de terça-feira anunciou a suspensão da atribuição de vistos de residência permanente, conhecidos como Green Cards, durante 60 dias, com a justificação de que é necessário “dar prioridade ao trabalho norte-americano. De fora da suspensão ficaram os vistos temporários, os trabalhadores considerados essenciais, nomeadamente os dos cuidados de saúde, e as reunificações familiares.

A medida foi considerada pelos conservadores como um recuo face à intenção anunciada no dia anterior. De acordo com o POLITICO, o apresentador da Fox News, Tucker Carlson, que também tem sido conselheiro do presidente, após a conferência de imprensa acusou Trump de ser incapaz de proteger os empregos americanos.

Trump terá tido dificuldade em reunir apoios para uma proibição total da imigração, por causa das implicações económicas dia medida. Os trabalhadores imigrantes representam cerca de 17% do total dos trabalhadores da saúde, como enfermeiras e auxiliares, e 28% dos profissionais altamente qualificados, como médicos e cirurgiões.

Para muitos, esta é apenas uma manobra eleitoral e um aproveitamento do discurso anti-imigração, à semelhança do que fez em 2016. Ayda Akalin, advogada defensora dos imigrantes, em declarações ao POLITICO, sublinhava que “o presidente está a usar a crise de saúde para alimentar a sua base política em ano de eleições. Anunciar esta ordem executiva parece mais relacionado com ser bem sucedido com as suas promessas eleitorais do que efetivamente ajudar o povo americano durante a crise.

Atualmente há 22 milhões de desempregados nos Estados Unidos, um número que tem crescido muito rapidamente com a crise pandémica. Só na última semana de Março registou-se um aumento de mais de 6 milhões, e na semana anterior tinham sido mais de 3 milhões.

Governadores de vários Estados norte-americanos, deputados e autoridades de saúde pública têm atacado sistematicamente Donald Trump por este ter subestimado completamente a ameaça do virus e por ter falhado em todas as respostas necessárias. Para Richard Trumka, presidente da AFL-CIO, a maior central sindical dos Estados Unidos, esta “é mais uma manobra de diversão. Sempre que chegamos ao ponto de precisar de alguma coisa para a qual ele não está a dar reposta, cria mais uma distração, e é o que está fazer neste momento".

Ao longo das últimas semanas foram já várias as medidas de Trump que indicavam um endurecimento da política de imigração, nomeadamente com a proibição de entrada de requerentes de asilo e de imigrantes indocumentados.

No ano passado os Estados Unidos atribuíram 577 mil vistos de residência permanente e 462 mil vistos temporários. Atualmente registam-se 825.306 casos positivos confirmados de Covid-19 e 45.075 mortes no país.

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