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Trump recua e estende medidas de contingência até final de abril

A perspetiva da Covid-19 provocar 200.000 mortes nos Estados Unidos da América fez Trump desistir da ideia de reabrir o país na Páscoa. Economista Joseph Stiglitz avisa que o desemprego pode atingir os 30%.
Donalt Trump e o Secretário da Defesa Mark Esper assistiram no sábado à partida do navio-hospital USNS Confort com destino a Nova Iorque.Foto Shealah Craighead/Casa Branca/Flickr

Perante este recuo, considerado uma enorme humilhação pública, Trump diz agora que as perspetivas anunciadas anteriormente eram meramente uma aspiração. As estimativas apresentadas pelas autoridades sanitárias, incluindo o Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional das doenças infecciosas e alérgicas e conselheiro do Presidente nesta crise, alertaram para o facto de ser necessário manter as medidas de contenção e eventualmente fechar ainda mais a economia. Mesmo que o país tome medidas agressivas para conter a propagação, a pandemia poderá provocar cerca de 200.000 vítimas.

Trump decidiu manter as medidas de distanciamento social e contenção até ao final de abril e avançou já novas datas: “acreditamos que a 1 de Junho, muitas coisas boas irão acontecer” e anunciou o pico do surto para a Páscoa.

Atualmente há mais 150.000 casos confirmados nos EUA. E o vírus começa a propagar-se rapidamente em meio prisional, onde não é possível o distanciamento social e o gel de álcool para as mãos está proibido. A Manhattan chegou já um navio militar, o USNS Confort, com cerca de 1.000 camas para ajudar os hospitais de Nova Iorque que estão sobrecarregados.

Com o sistema de saúde em risco, são algumas instituições de caridade e ONGs que estão a ajudar. A Samaritan instalou um hospital de campanha com tendas no Central Park. Eric Ripert, da City Harvest, alertou para o facto de que “antes havia 1,2 milhões de pessoas em Nova Iorque que precisavam de ajuda para comer. Agora há três vezes mais".

Em Detroit, de acordo com o The New York Times, morreram 35 pessoas em menos de 2 semanas. Trata-se de uma cidade onde 3 em cada 10 moradores vive na pobreza, há um largo número de doentes crónicos e com asma, os hospitais já estão sobrecarregados e o fornecimento de água foi cortado em muitas casas por falta de pagamento, o que dificulta o cumprimento da recomendação de lavar as mãos. No Louisiana, de acordo com a Reuters, desde 9 de Março já foram confirmados mais de 3.500 casos. Os hospitais estão à beira da rutura e em breve terão que começar a recusar pacientes. Em Nova Orleães, o estado está a instalar hospitais de campanha para lidar com o aumento de doentes.

Em entrevista à Business Insider, Joseph Stiglitz avisou que o desemprego nos EUA poderá chegar aos 30% ainda antes da crise do coronavirus esmorecer. Entretanto, em Washington preparam-se novas medidas. Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes disse numa entrevista esta segunda-feira que são necessários mais recursos com urgência: “isto não é sobre o quão depressa o podemos fazer, é sobre quão depressa o temos de fazer”.

E as eleições presidenciais?

A crise pandémica deu a Trump um palco diário em horário nobree há mesmo quem já tenha comparado as suas conferências diárias ao reality show que apresentou na televisão em tempos. Contudo, as sondagens recentes mostram que em termos de voto nacional, que não conta com os colégios eleitorais, numa eleição disputada entre Trump e Biden, o ex vice-presidente teria uma vantagem de 49% contra 47%, no caso da sondagem do Washington Post/ABC News, e 49% contra 40% no caso da sondagem da FOX News.

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