Depois de Farage, Le Pen, 5 Estrelas e Liga Norte, o site de extrema-direita norte-americano Breitbart News aproveitou o ataque em Berlim para promover a mensagem do AfD, partido alemão de extrema-direita com um programa abertamente xenófobo que se tornou o principal opositor da CDU de Ângela Merkel. O AfD foi rápido a culpar Angela Merkel e os refugiados pelas mortes do ataque, uma linha que Nigel Farage se apressou a replicar em total sintonia com a Breitbart News.
A cobertura da Breitbart aos ataques de Berlim ignora todos os factos, incluindo a libertação do primeiro suspeito, optando por uma exploração mediática de medo anti-refugiados que corresponde à agenda da AfD.
O projeto de Steve Bannon (editor da Breitbart e conselheiro de Donald Trump) de criar uma "plataforma da alt-right" (uma plataforma de extrema-direita) toma assim contornos internacionais cada vez mais claros.
Simultaneamente, a extrema-direita austríaca do Partido da Liberdade (PL) assinou esta semana um protocolo com o Rússia Unida, partido super-maioritário na Rússia de Vladimir Putin. Este protocolo surge após Heinz Christian Strache, líder do PL, ter reunido com o General Michael T. Flynn, o conselheiro de segurança nacional nomeado por Trump (cargo que coordena e define a política de ação militar dos EUA).
Segundo o New York Times, o acordo delineia um plano de reuniões regulares e cooperação em assuntos económicos e políticos, sendo válido por cinco anos. Foi assinado por Sergei Zheleznyak, adjunto do secretário geral do Rússia Unida que, ao receber Strachen, mencionou especificamente a "crise de imigração" como uma das áreas de cooperação. Em troca, Strache escreveu esta segunda-feira no facebook que a cooperação entre os EUA e a Rússia seria importante para resolver as crises na Síria e na Crimeia, de forma a "terminar as sanções danosas para a economia".
Na realidade, a aproximação de Strache ao regime russo não é nova e corresponde a um padrão. Em 2014, a imprensa alemã encontrou suspeitas de financiamento ilegal do Partido da Liberdade através da oligarquia de Putin, bem como de um empréstimo de 9 milhões à Frente Nacional de Marine Le Pen e 2,1 milhões ao AfD.
Estes financiamentos fazem parte, alegadamente, de um projeto político de Putin de utilizar a crise de refugiados para criar instabilidade política dentro dos países europeus, mobilizando a opinião pública para uma frente conservadora que, agora, tem um novo aliado na administração Trump.