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Trump e o coronavírus: como não desperdiçar uma crise

Donald Trump tem aproveitado a gestão da crise pandémica para promover a sua própria agenda política: do muro com o México ao negacionismo das alterações climáticas, do protecionismo ao apoio às grandes empresas.
Foto de Gage Skidmore/Flickr

O Presidente dos Estados Unidos da América apelou recentemente ao Congresso para que recuperasse uma antiga legislação que concedia às empresas a possibilidade de deduzirem fiscalmente despesas com refeições e entretenimento.  Segundo a Associated Press, Donald Trump terá justificado que tal medida poderia ser um apoio fundamental para os restaurantes de luxo que estão a ser afetados pelo surto de Coronavírus. Foi a administração Trump que anteriormente acabou com essas mesmas deduções, com a sua legislação fiscal que garantiu uma redução da taxa de imposto para as grandes empresas de 35% para 21%.

A falta de reposta adequada à crise atribuiu-a à anterior presidência, alegando ter recebido de Obama testes de rastreio obsoletos. Também acusou a 3M e a General Motors de não estarem a fazer tudo o que está ao seu alcance para produzirem os equipamentos necessários à proteção dos cidadãos americanos ou, no caso da GM, os ventiladores essenciais para assistir os doentes internados nos hospitais. Peter Navarro, um dos Conselheiros de Trump para o Comércio alegou mesmo que estes exemplos, 3M e GM, vinham corroborar a filosofia de Trump: “comprar Americano, fronteiras seguras e uma forte base industrial”. E acrescentou, citado pela Associated Press: “Nunca mais devemos ficar dependentes do resto do mundo para obter os nossos medicamentos essenciais.”

A suspensão da legislação ambiental pela Agência de Protecção Ambiental,que tem sido contestada por pôr em causa além dos padrões ambientais, a qualidade do ar, num momento de pandemia que ataca o sistema respiratório, foi também momento de regozijo para Trump.

Agora os americanos já podem sair e comprar carros.

Também o encerramento das fronteiras com o México surge no seu discurso para recordar a promessa de 2016 de construir um grande muro entre os dois países, com o acréscimo actual de que esse muro pode também conter o vírus.

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