Sally Yates, Preet Bharara e, agora, James Comey. Respetivamente ex-procuradora federal, ex-procurador do Estado de Nova Iorque, e, desde ontem, ex-diretor do Federal Bureau of Investigation (FBI), os três têm em comum as investigações às ligações entre Donald Trump e Vladimir Putin. Os três foram despedidos desde que Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos da América.
Se nos dois primeiros a sua aliança ao Partido Democrático era clara, não tendo surpreendido o seu afastamento, no caso de James Comey o seu envolvimento nas investigações aos e-mails de Hillary Clinton e, em particular, o seu contributo para a vitória de Donald Trump nas eleições de novembro, torna esta decisão surpreendente. Sobretudo quando a justificação dada é precisamente a gestão incompetente da investigação a Hillary Clinton.
Segundo o comunicado oficial da Casa Branca, a decisão foi tomada por conselho de Jeff Sessions, o nomeado de Trump que substituiu Sally Yates como procurador-geral, para garantir que o "Departamento de Justiça reafirma o seu compromisso com os princípios históricos que assegurem a integridade e justiça das investigações e acusações federais".
No parecer de apoio à decisão, Jeff Sessions argumenta que a conferência de imprensa de 28 de outubro de 2016, convocada pelo próprio James Comey, viola os procedimentos estabelecidos, primeiro por ter "usurpado os poderes do procurador-geral" ao encerrar a investigação a Hillary Clinton a 5 de julho de 2016. Depois, por ter reaberto a investigação em outubro e anunciar publicamente a decisão, não sendo "função do FBI opinar sobre se um assunto deveria ser investigado ou não".
A única referência às investigações do FBI sobre as relações com a Rússia aparece na carta de demissão assinada por Trump: "Apesar de apreciar e agradecer a informação prestada, em três ocasiões distintas, que não sou objeto de investigação, não obstante concordo com o juízo do Departamento de Justiça que você não está habilitado a liderar o FBI".
Um decisão consderada "bizarra" por Justin Amash, congressista do Partido Republicano eleito pelo Michigan, declarando a necessidade de criar uma comissão independente que investigue as relações entre a Rússia e o Presidente dos EUA.
Se o momento é bizarro, o acto em si também é pouco usual. Apesar da total autoridade do Presidente para demitir um diretor do FBI, James Comey é apenas o segundo diretor do FBI a ser despedido (Bill Clinton, em 1993, despediu William S. Sessions).
Simultaneamente, a Casa Branca anunciou também esta terça-feira que Donald Trump irá receber Sergey Lavrov, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, esta quarta-feira na Casa Branca.