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Trump avança com o muro e quer regresso das prisões secretas
Donald Trump pôs no papel uma das suas principais promessas de campanha: a construção de um muro ao longo dos 3200 quilómetros da fronteira com o México. Na verdade, o muro já existe em cerca de um terço dessa extensão, quer através de muros, vedações ou barreiras “virtuais” com sensores e câmaras de vídeo monitorizadas pela polícia fronteiriça dos EUA.
Por causa destas barreiras, milhares de migrantes morreram ao tentar cruzar a fronteira pelo deserto de Sonora. O plano de Trump é o de aumentar as barreiras ao longo da fronteira e fazer o México pagar a fatura da construção.
A assinatura do decreto surge a uma semana da visita agendada do presidente mexicano Enrique Peña Nieto aos Estados Unidos. Peña Nieto gravou uma declaração a criticar a medida agora anunciada por Donald Trump, e a repetir que o seu país não vai pagar nenhum muro. Palavras que provocaram uma reação agressiva do novo inquilino da Casa Branca no Twitter: “Se o México não quer pagar pelo tão necessário muro, então é melhor que cancele a visita”.
Apesar da troca de acusações sobre o muro, Peña Nieto foi visto durante a campanha como um aliado de Trump e chegou mesmo a receber o então candidato presidencial com honras de estado ao seu país em agosto passado. Com um currículo de repressão dos movimentos sociais e de corrupção no seu governo, Peña Nieto também é responsável por políticas de deportação em massa de muitos migrantes que atravessam o país para chegar aos Estados Unidos, vindos da Guatemala, El Salvador ou Honduras.
“Claro que funciona”, diz Trump sobre a técnica de afogamento em interrogatórios
Outra das medidas ainda em preparação pela administração Trump é a do regresso dos “black sites”, as prisões secretas da CIA em vários países onde os suspeitos de terrorismo capturados no Iraque e outros países eram interrogados e sujeitos a tortura durante o mandato de George W. Bush.
Segundo um esboço do decreto publicado pelo New York Times e o Washington Post, Trump iria também levar novos prisioneiros para a base de Guantanamo e revogar a ordem de Obama para restringir as técnicas de interrogatório às que estão previstas no manual do exército e dar acesso à Cruz Vermelha a todos os prisioneiros dos EUA.
O esboço do decreto dá poderes aos diretores de segurança nacional para recomendarem ao presidente a reativação do programa de interrogatórios fora dos Estados Unidos. Em entrevista à ABC News, a primeira após a nomeação, Donald Trump afirmou que é altura dos EUA “responderem ao fogo com fogo” e questionado sobre o que acha da técnica de “waterboarding” – afogamento – usada nos interrogatórios, a resposta foi direta: “Claro que funciona”.
Contudo, não basta a assinatura de Trump para que este e outros métodos de tortura passem a ser autorizados. A ordem de Obama para restringir as técnicas de interrogatórios foi seguida por uma lei do Senado no mesmo sentido, aprovada por grande maioria. Mas a administração Obama nunca agiu judicialmente contra nenhum dos envolvidos nos programas de tortura e bloqueou as queixas das vítimas nos tribunais civis.
O ex-candidato presidencial republicado John McCain, ele próprio vítima de tortura, veio declarar que “o presidente pode assinar os decretos que entender. Mas a lei é a lei, Não voltaremos a trazer a tortura para os Estados Unidos”. Questionado pelos jornalistas sobre a intenção da Casa Branca em reativar as prisões secretas e a tortura da CIA, o porta-voz do presidente, Sean Spicer, afirmou não ter conhecimento de nenhum documento nesse sentido.
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