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Trump ameaça retirar direito à cidadania a filhos de imigrantes nascidos nos EUA

Presidente norte-americano afirma que basta um simples decreto para apagar um direito constitucional com 150 anos. Organizações dos direitos civis condenam “retórica incendiária” de Trump a poucos dias das eleições.
Foto Shealah Craighead/Casa Branca/Flickr

A ameaça foi deixada por Donald Trump numa entrevista televisiva e provocou uma onda de contestação até entre altos responsáveis do Partido Republicano. Foi o caso de Paul Ryan, o líder parlamentar do partido de Trump, que afirmou que “não se pode acabar com o direito de cidadania com uma ordem executiva”. Esta quarta-feira, a menos de uma semana das eleições intercalares nos EUA, Trump não o deixou sem resposta, dizendo que Ryan “devia concentrar-se em segurar a maioria, em vez de dar opiniões sobre o direito de cidadania à nascença, assunto do qual não percebe nada!”

Ao lado de Ryan está a maioria dos constitucionalistas, que entende que o direito de cidadania a quem nasça nos EUA está garantido pela 14ª Emenda, pelo que seria necessária a aprovação de nova emenda constitucional para limitar esse direito, o que requer dois terços dos votos na Câmara dos Representantes e no Senado.

Trump responde que não é essa a opinião dos seus conselheiros jurídicos e que está disposto a acabar com esse direito “de uma maneira ou de outra” e que a decisão final será do Supremo Tribunal.

Nas últimas semanas, Donald Trump tem radicalizado o seu discurso anti-imigração, a propósito da caravana de migrantes que fogem da miséria e da violência em vários países da América Central. O presidente dos EUA já ameaçou mandar o exército para barrar os migrantes na fronteira sul do país, acusando-os de serem criminosos e até de integrarem alguns terroristas, acusações que ficaram por provar.

Desta vez, Trump aponta o dedo às crianças nascidas nos EUA, filhas de pais imigrantes que permanecem sem documentos no país. O direito da cidadania à nascença “custa ao nosso país milhares de milhões de dólares”, diz Donald Trump para defender a sua nova bandeira de ataque aos imigrantes.

“Isto é um atentado inteiramente inconstitucional para agitar a retórica incendiária de ódio contra os imigrantes a alguns dias das eleições”, acusa a histórica organização de defesa dos direitos civis ACLU, acrescentando que “não se pode apagar a Constituição por decreto”.

 

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