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Tribunal condena antigo diretor-geral do FMI a quatro anos e meio de prisão

Rodrigo Rato, ex ministro da Economia de José María Aznar, e posteriormente diretor-geral do FMI, até 2007, foi condenado esta quinta-feira a quatro anos e meio de prisão por se apropriar indevidamente de património da Caja Madrid e do Bankia quando era presidente destas instituições.
EPA/BALLESTEROS

A Audiência Nacional, tribunal nacional espanhol, responsável pelo julgamento de casos de corrupção e crimes financeiros, considerou ter ficado provado que Rodrigo Rato cometeu o crime de peculato quando era presidente dos dois bancos espanhóis.

Em janeiro de 2010, Rodrigo Rato chegou a presidente da Caja Madrid, substituindo Miguel Blesa, depois de uma longa crise e de uma acesa disputa entre o presidente da Câmara de Madrid e a presidente da comunidade autonómica pelo controle da Caja Madrid, todos membros do Partido Popular (PP). O presidente da Câmara de Madrid era então Alberto Ruiz-Gallardón, atual ministro da Justiça do Governo de Espanha, apoiante de Miguel Blesa. A presidente da comunidade autónoma de Madrid era e é Esperanza Aguirre também ela do PP e que pretendia demitir Miguel Blesa e deter o controle da Caja Madrid. A saída negociada deste diferendo, apoiada por Mariano Rajoy com o aval do presidente do Banco de Espanha e do governo do PSOE presidido por José Luis Zapataero, foi entregar a presidência da Caja Madrid a Rodrigo Rato.

Como presidente da Caja de Madrid, Rato encabeçou a fusão da Caja Madrid com a Bancaja, arrastando outras cinco cajas para criar um grande banco de Espanha. Em resultado da fusão, foi criado em junho de 2010 o Banco Financiero y de Ahorros (BFA), que lançou em março de 2011 o Bankia, banco e marca comercial, controlado em cerca de 52% pelo BFA. O Bankia torna-se o quarto maior banco de Espanha, depois do Grupo Santander, do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) e do grupo La Caixa de Barcelona.

O Bankia, era a concretização do objetivo de lançar um grande banco, juntando os melhores ativos do BFA, indo buscar 4.000 milhões de euros na bolsa e assim gerir lentamente os ativos tóxicos. Porém, o lançamento na bolsa correu mal. Coincidiu com novo agravamento da crise financeira na Europa, a venda das ações em bolsa prolongou-se e o seu valor caiu 15% em relação ao preço inicial estabelecido.

Por outro lado, o peso dos ativos tóxicos no BFA era muito grande e a política da austeridade agravou-a. Com o BFA criou-se a maior imobiliária de Espanha com uma carteira de créditos problemáticos no montante de 31.800 milhões de euros.

A auditoria da Deloitte concluiu que o BFA-Bankia tinha um buraco de, pelo menos, 3.500 milhões de euros. A situação levou à demissão de Rodrigo Rato, a 7 de maio de 2012. O Bankia, parcialmente nacionalizado a 9 de maio de 2012, contava, à época, com cerca de 32.000 milhões de euros de ativos tóxicos no seu balanço.

Em 2014, Rodrigo Rato e cerca de 80 membros da classe dirigente espanhola foram acusados de violação do direito das empresas. Ao todo, gastaram um total de 15 milhões de euros em discotecas, safaris e artigos de luxo com cartões de crédito da Caja Madrid e do Bankia, escapando ainda ao fisco.

Esta semana veio também a público um relatório do Instituto Nacional de Investigação de Fraude no qual Rodrigo Rato é acusado de fraude fiscal de € 6,8 milhões entre 2004 e 2015. O ex ministro espanhol da Economia entre 1996 e 2004 omitiu declarar um "valor superior aos € 14 milhões nos anos 2004 a 2015, ambos inclusive", assinala o documento, citado pelo El País.

Em 1993, o mesmo Rodrigo Rato, enquanto deputado no Congresso por Madrid, dizia que “o que temos que fazer em Espanha é lutar contra a fraude”.

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