Travessia do Tejo: “Há inúmeros problemas sem uma única resposta do Governo”

03 de April 2023 - 16:30

Catarina Martins e Joana Mortágua ouviram esta segunda-feira a Comissão de Trabalhadores da Transtejo/SOFLUSA. Coordenadora bloquista acusou Governo de fugir aos problemas e de falhar todas as suas promessas.

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Foto Esquerda.net.

Em declarações aos jornalistas, Catarina Martins lembrou que foi aprovado por unanimidade o requerimento do Bloco de Esquerda para a ida do ministro das Infraestruturas, João Galamba, e da administração da Transtejo/Soflusa ao Parlamento, para darem explicações sobre a situação da travessia do Tejo.

“Porque há inúmeros problemas sem uma única resposta”, apontou a dirigente bloquista. Catarina deu o exemplo da compra de barcos para os quais faltavam baterias, “que tem de ser explicado”, mas frisou que existem “mais problemas que precisam de atuação e de explicação”.

A coordenadora do Bloco referiu que, por boas e por más razões, tem “aumentado o número de passageiros no transporte marítimo da margem sul para Lisboa”. Por boas razões porque as pessoas escolhem o transporte público, e porque o preço dos passes desceram. Por más razões porque “muita gente foi empurrada para a margem sul porque não consegue uma casa mais perto”, explicou.

Catarina assinalou que, havendo mais pessoas a precisar do barco para fazer a travessia, foram mantidos os cortes da troika, sem existir a reposição de barcos e carreiras e o investimento necessário na contratação de mais trabalhadores.

O “investimento prometido nunca apareceu”, lamentou a dirigente bloquista. “Acresce que os trabalhadores não estão a ter sequer os aumentos que António Costa prometeu a todos os trabalhadores da esfera do Estado”, continuou.

“Quando olham para a sua folha de salários nunca lá está o que foi prometido”, disse.

Catarina acusou o Governo de fugir aos problemas, optando por falar sobre “outras ligações que nunca vão existir”, “projetos que nunca vão acontecer”.

A coordenadora do Bloco comentou anda as declarações do secretário geral do PS, António Costa, que afirmou que para controlar a inflação é preciso controlar os preços e aumentar salários. “Fiquei sem saber por que é que temos esta dupla personalidade do PS”, vincou Catarina Martins, lembrando que António Costa, enquanto primeiro-ministro, se recusa a implementar estas mesmas medidas.

Trabalhadores não são “nem ouvidos e nem levados a sério”

Paulo Rodrigues, da Comissão de Trabalhadores (CT) da Transtejo/SOFLUSA, partilhou as preocupações dos trabalhadores, que se prendem com o recente aumento de passageiros nos navios e com a alteração do comportamento dos navios.

De acordo com Paulo Rodrigues, existem quatro tripulantes, um dos quais não sai da ponte, o que implica que sobram três tripulantes para 700 passageiros, que “têm de saber distribui-los pelos meios de salvamento”.

O representante da CT referiu que não foram devidamente testadas as questões de segurança, e que os trabalhadores e os alertas que têm lançado, não são “nem ouvidos e nem levados a sério”.