Trabalhadores do refeitório da RTP em greve este 1º de Maio

01 de May 2022 - 18:36

As trabalhadoras e os trabalhadores do refeitório e dos bares da RTP, serviço que está concessionado à multinacional Eurest, estão em protesto contra baixos salários, clima de pressão e assédio laboral, ritmos de trabalho desumanos e desrespeito pelas categorias profissionais.

PARTILHAR
1º de Maio de 2022. Foto Esquerda.net

Conforme explicou o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul Luís Baptista ao Esquerda.net, a Eurest levou a cabo um “conjunto de manobras” para minimizar os efeitos desta greve, nomeadamente atrasando a divulgação da escala de horários, que só foi distribuída a 28 de abril, escalando essencialmente trabalhadores precários e, inclusive, recorrendo a trabalhadores que não estavam escalados.

A par da greve agendada para este 1º de Maio, as trabalhadoras e os trabalhadores concentraram-se logo pela manhã na porta da RTP, sita na Rua Marechal Gomes da Costa. No encontro participaram também trabalhadores que estavam no seu dia de folga e que entenderam participar no protesto e dar visibilidade às suas reivindicações.

Luís Baptista frisou que a luta destes trabalhadores, na sua maioria mulheres, já se prolonga há meses e motivou outras paralisações com grande adesão na unidade. “Desde que a Eurest ganhou a concessão na RTP tem vindo com uma política de intimidação dos trabalhadores”, assinalou o dirigente sindical.

“A Eurest está determinada em acabar com a questão das categorias nas cantinas. Eles querem impor uma polivalência total aos trabalhadores”, continuou.

O clima é de “intimidação permanente”, sendo instrumentalizadas para o efeito as chefias intermédias, sobretudo a encarregada e o gerente da unidade. Desde que a greve foi agendada, a pressão escalou, “com o envio do assessor jurídico da empresa ao refeitório da RTP para pressionar trabalhadoras a assinarem documentos a abdicar da sua categoria e a passar para essa super categoria assinada com a UGT de empregada de refeitório, que permite ser pau para toda a obra”, assinalou o dirigente sindical.

De acordo com Luís Baptista, apesar de toda a intransigência da empresa, a luta dos trabalhadores têm permitido barrar algumas tentativas da Eurest no sentido de alterar locais de horário ou acabar com as categorias.

No que respeita a novas formas de luta, está previsto um novo plenário esta próxima semana onde serão decididas novas iniciativas. As trabalhadoras e os trabalhadores da Eurest que trabalham nas cantinas da RTP participaram também na manifestação do Dia do Trabalhador deste domingo com uma faixa própria.

“Administração da RTP não se pode colocar de fora do problema”

Em nota de imprensa, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul explica que os trabalhadores têm vindo a denunciar o clima de pressão e assédio laurest; o desrespeito pelas categorias profissionais e a tentativa de impor uma polivalência forçada aos trabalhadores; os ritmos de trabalho desumanos; e os baixos salários praticados no sector.

A estrutura sindical acusa a Eurest de adotar uma “posição de completa intransigência” e de se recusar a responder aos ofícios do Sindicato e a agir na resolução dos vários problemas levantados.

Tratando-se do refeitório e dos bares de uma empresa pública, a estrutura sindical entende “que a Administração da RTP não se pode colocar de fora do problema e deve enquanto concedente do serviço, exigir o cumprimento da lei e dos direitos dos trabalhadores dentro das suas instalações”.

Em causa está o cumprimento integral do Contrato Coletivo de Trabalho das Cantinas, assinado entre a AHRESP e a FESAHT; a valorização das carreiras e aumentos salariais para todos os trabalhadores em 90€; o respeito pelas categorias profissionais e pelas tarefas funcionais de cada trabalhador e contra a polivalência; o fim dos ritmos de trabalho desumanos praticados no Refeitório da RTP; e o fim da repressão patronal exercida no local de trabalho pelas chefias intermédias da Eurest sobre os e as trabalhadoras (Encarregada, Gerente e Supervisora).