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Trabalhadores da Starbucks em greve nos EUA

Paralisação desta quarta-feira foi motivada pelos vários atropelos aos direitos laborais, nomeadamente os sucessivos ataques contra os direitos sindicais. Trabalhadores pedem responsabilização dos administradores pelas más práticas e exigem que empresa negoceie de boa fé.
Foto da página de Facebook da Starbucks Workers United.

São mais de 100 as lojas que aderiram ao protesto desta quarta-feira, que aconteceu na véspera de uma reunião anual da Starbucks, durante a qual os acionistas votarão uma avaliação dos direitos dos trabalhadores.

Inúmeros vídeos partilhados no Twitter e noutras redes sociais mostram trabalhadores da Starbucks a promover piquetes do Tennessee ao Colorado, Massachusetts e Ohio. "Starbucks, respeite o direito de organização dos seus trabalhadores" , "A mudança está a acontecer" são algumas das palavras de ordem utilizadas para ilustrar os cartazes empunhados pelos trabalhadores em frente aos respetivos locais de trabalho.

Na sua conta oficial de Twitter, os trabalhadores da Starbucks em Kingston Pike & Montvue Center Way em Knoxville, Tennessee, sublinham que continuarão a exigir que a Starbucks negocie “de boa fé” e interrompa “as repugnantes táticas de perseguição dos sindicatos".

As exigências que norteiaram a paralisação são claras: aumentos salariais, melhores condições de segurança e o direito de se organizarem em sindicatos sem medo de retaliação e intimidação.

A mobilização e a sindicalização destes trabalhadores precários tem crescido exponencialmente. Desde dezembro de 2021, aquando da mobilização dos trabalhadores da empresa em Buffalo, Nova Iorque, que resultou na primeira loja Starbucks sindicalizada nos EUA, mais de 7.500 trabalhadores de mais de 280 outros locais da popular rede de cafés votaram no sentido de se sindicalizarem sob a égide do Starbucks Workers United.

Contudo, o processo de sindicalização dos trabalhadores tem sido alvo de forte resistência por parte da Starbucks. A empresa está a ser investigada pelo National Labour Relations Board (NLRB) por denúncias de táticas ilegais de desrespeito aos sindicatos. A Starbucks Workers United apresentou centenas de acusações de práticas laborais injustas contra a cadeia de café e, em mais de 80 casos, o NLRB descobriu que a Starbucks demitiu e ameaçou ilegalmente trabalhadores que estavam em processo de sindicalização, violando a lei federal.

A Starbucks, por sua vez, apresentou mais de 100 acusações de práticas laborais injustas contra a Workers United desde outubro de 2022, acusando o sindicato de se recusar a participar efetivamente nas negociações e de não negociar de boa fé.

No início deste mês, o senador de Vermont Bernie Sanders, presidente do Comité de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões do Senado, prometeu intimar o CEO da Starbucks, Howard Schultz, sobre as ações agressivas da sua empresa para estrangular o movimento sindical nas suas lojas nos EUA.

José Soeiro entrevista trabalhador grevista do Starbucks

Em entrevista ao dirigente do Bloco de Esquerda José Soeiro, o sindicalista Kyle Trainer, trabalhador da Starbucks em São Francisco, explicou como começou o processo de mobilização no seu local de trabalho, e como a sua luta despoletou movimentações noutras lojas da Starbucks.

Sobre o movimento sindical nos Estados Unidos, a nível global, Kyle Trainer assinalou que tem vindo a surgir um novo sindicato todos os dias, e que o movimento de contestação está a crescer entre os precários. De acordo com o sindicalista, muitas pessoas destacam que não se via um movimento sindical como este desde os anos 30.

 

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