Trabalhadores da Lusa e RTP defendem autonomia

13 de April 2021 - 16:51

As comissões de trabalhadores de ambas as empresas afirmam que “a autonomia editorial da Lusa deve ser defendida contra qualquer reorganização de instalações”.

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“Nenhuma agência noticiosa pode envolver-se em parceria privilegiada com uma rádio e televisão em detrimento das entidades que veem essa rádio e televisão como concorrente”, afirmam as CTs.
“Nenhuma agência noticiosa pode envolver-se em parceria privilegiada com uma rádio e televisão em detrimento das entidades que veem essa rádio e televisão como concorrente”, afirmam as CTs. Foto de António Cotrim/Lusa.

Em causa estão planos de “sinergias” entre a RTP e a Agência Lusa, defendidas pelo atual Presidente da Lusa, Nicolau Santos, na sua proposta de plano estratégico com a qual se candidatou e foi escolhido pelo Conselho Geral Independente da RTP para ser presidente do serviço público de rádio e televisão.

No comunicado, as Comissões de Trabalhadores de ambas as empresas entendem que “essas ‘sinergias’, de contornos ainda vagos, diriam respeito à colaboração entre ambas as empresas na área editorial e na área de utilização de instalações”, noticia a Agência Lusa.

“Sem quererem aqui e agora pronunciar-se sobre a gestão do património imobiliário da Lusa ou da RTP”, as duas CT sublinham que a autonomia editorial da Lusa deve ser defendida contra qualquer reorganização de instalações que coloque a agência noticiosa no espaço físico de alguma outra entidade, coabitando em união de facto, dependente e potencialmente promíscua”, afirmam.

“Tendo em conta o pouco que se sabe sobre estes planos, convém alertar contra qualquer veleidade de amputar, menorizar ou subalternizar o serviço público prestado pela Lusa a toda a comunicação social portuguesa”, destacando que a Lusa, “como agência noticiosa, é um serviço público imprescindível a toda a imprensa falada ou escrita”.

“O futuro da Lusa não pode ser decidido por um gestor que faz parte do passado da agência: esse futuro, como o de qualquer serviço público, tem de ser preocupação do poder político”, defendem.

“Nenhuma colaboração editorial da Lusa com qualquer outra entidade pode fazer-se à custa da sua autonomia, independência e isenção. Definir para a Lusa, sob o pretexto de exploração de ‘sinergias’, uma relação preferencial com a RTP iria pôr em causa a prestação dos seus serviços a todos os demais órgãos de comunicação social”, dizem ainda.

Para os trabalhadores, “nenhuma agência noticiosa pode envolver-se em parceria privilegiada com uma rádio e televisão em detrimento das entidades que veem essa rádio e televisão como concorrente”.

“Se o fizesse, iria prejudicar-se a si própria e iria prejudicar todas as entidades que até agora têm podido contar com o seu serviço”, defendem.

Nicolau Santos rejeita a hipótese de extinção da sede da Agência Lusa, que avançada em comunicado da CT Lusa, um comunicado que “parte de pressupostos errados e que, por isso, tira conclusões que não fazem qualquer sentido".

"Não se percebe de onde surge tal ideia, se ela existe ou quem a propôs, mas seguramente nada tem a ver comigo", garante.

"A CT baseia as suas afirmações no plano estratégico da RTP. Ora ainda não existe esse plano, que está a ser ultimado. O que existe é o programa com que eu e Hugo Figueiredo nos candidatámos à liderança da RTP", explica.

Nicolau Santos garante que esse programa fala "na exploração de sinergias entre a RTP e Lusa 'na área da gestão de espaços e na colaboração editorial'. Só isto e nem mais uma palavra".

Bloco requereu envio do Plano Estratégico da RTP para a AR

Em março, na sequência da informação veiculada pela comunicação social de que o Plano Estratégico da RTP para o triénio 2021-2023 incluiria "alterações estruturais não só à estrutura da empresa como ao serviço público internacional da RTP mas também da Agência Lusa, recuperando um projeto de fusão de meios e delegações das duas empresas públicas", o deputado Jorge Costa requereu o envio deste documento para a Assembleia da República.

O dirigente do Bloco lembrou que este tinha sido "um projeto apresentado e abandonado por Miguel Relvas em 2013 depois de dura oposição também na Assembleia da República" e sublinhou que “seria profundamente negativo que tal projeto avançasse sem o devido escrutínio público com a proteção do Conselho Geral Independente da Rádio e Televisão de Portugal”.

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