Os trabalhadores das empresas de transportes do Grupo Barraqueiro no Algarve tinham convocado uma greve e uma manifestação em Lisboa esta sexta-feira para reclamar aumentos salariais e respostas da administração às suas reivindicações.
Esta semana, a administração anunciou através de comunicações internas os valores dos novos salários que “no essencial, correspondem a grande parte das propostas formmuladas pela FECTRANS no passado dia 12 e que não obtiveram respostas”, informa a federação sindical afeta à CGTP em comunicado. Face a esta decisão da administração do Grupo Barraqueiro, a greve e a manifestação foram desconvocadas.
A luta destes trabalhadores contra a disparidade de salários e direitos nas várias empresas do Grupo EVA/Barraqueiro dura há vários meses e foi apontada por Catarina Martins como um exemplo da força necessária para obrigar o governo a mexer nas leis laborais. “Este caso é gritante: é um grupo económico que tem várias empresas e o que faz é pôr as várias empresas a competir para ver quem paga menos”, afirmou Catarina na concentração realizada durante a greve de 14 de junho em Faro.
Os aumentos irão aproximar os valores dos salários bases e outras remunerações e aplicam-se faseadamente nas várias empresas do grupo. Assim, na EVA, os motoristas com o contrato da Antrop passam a ter as mesmas condições de remuneração do Acordo de Empresa e verão o valor de refeição deslocado aumentar 21%, de 7.83 para 9.50 euros e o valor do dia de folga trabalhado aumentar 20%, de 61.12 para 75 euros. Os aumentos são retroativos a partir de 1 de agosto. No início de 2019, o salário base aumentará 4.1%, de 662.80 para 690 euros, o valor das refeições deslocado aumenta 50 cêntimos para os 10 euros, o subsídio de refeição passa dos 6.38 para 6.50 euros e as diuturnidades passam de 13.49 para 14 euros.
Na empresa Próximo, com efeito a partir de 1 de agosto, o valor do dia de folga trabalhado aumenta 70%, de 43.20 para 75 euros e passa a existir o pagamento da refeição deslocado, com o valor de 9.50 euros. A partir de 1 de março de 2019, o salário base, atualmente de 648.13 euros passa para os 680 euros. Em março de 2020, aumentará para os 700 euros e em março de 2021 volta a aumentar para um ponto percentual acima da taxa de inflação. O subsídio de refeição aumenta em março de 2019 dos 2.65 para os 4.80 em cartão, passando no ano seguinte para 5.65 e em 2021 passará a estar alinhado pelo valor pago na EVA.
O salário base de 690 euros será também adotado em março de 2019 para os trabalhadores da Translagos e da Frota Azul, representando um aumento de 6,4%, o mesmo acontecendo ao valor da refeição deslocado. Quanto ao subsídio de refeição, aumentará para os 4.80 em cartão.
“Face ao evoluir do processo e aos valores tornados públicos, entendemos que não foram atingidos os objectivos totais da luta, mas foi uma boa vitória tendo em conta o historial das Empresas”, afirma a FECTRANS, que aguarda agora a resposta das administrações das empresas para a assinatura do acordo com os sindicatos.
Notícia corrigida às 10h20 de 28 de setembro de 2018