Nesta quinta-feira, 26 de janeiro de 2017, Luaty Beirão esteve em Bruxelas, onde participou numa reunião da subcomissão dos Direitos Humanos e na audição pública promovida por Ana Gomes e Marisa Matias.
Em declarações ao jornal “Público”, Luaty Beirão afirmou: "Em Angola continua a haver perseguições, detenções arbitrárias, execuções sumárias, intolerância política, pessoas desaparecidas ou que levam pancada porque têm uma opinião e querem exprimi-la”.
Luaty Beirão salientou que veio a Bruxelas falar do percurso dos ativistas "enquanto cidadãos que lutam em Angola por um Estado plural, democrático, de direito".
"Eu continuo a temer pela minha segurança pessoal, mas o que é que a gente há de fazer? Enquanto estamos vivos, temos que saber lidar com esse medo e a cada passo temos de avaliar se o medo nos domina ou se nós o controlamos", disse à comunicação social, segundo a Lusa.
"Há várias formas de repressão e várias formas de estarem atentos e nos monitorizarem e, eventualmente, se acharem que é mais útil, silenciarem-nos", referiu também Luaty , sublinhando que "toda a atenção mediática acaba por nos proteger um pouco mais".
Ano de eleições e intolerância política
"Normalmente, é em ano de eleições que começa a haver espaço para a intolerância política, há mais perseguições, há mais tensões, mais escaramuças, eventualmente repressões que podem acabar em mortes, inclusivamente", apontou Luaty Beirão, exemplificando com um ataque a uma caravana de deputados no sul de Angola, há uns meses.
"A tensão vai aumentar até às eleições", realçou.
“A corrupção é o maior de todos os males”
Luaty Beirão salientou também, segundo o “Público”, que “a corrupção é o maior de todos os males existentes em Angola”, frisando que “tudo o resto deriva deste problema”.
Questionado sobre o que Portugal pode fazer sobre a situação em Angola, o ativista apontou: “não aceite dinheiro de Angola. Se começar por aí, já muita coisa vai mudar”, e apelou a que a justiça portuguesa seja imparcial nos casos que envolvam Angola.