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“Temos uma direita em estado de negação”

Marisa Matias afirmou que o acordo para a viabilização do atual governo veio demonstrar que havia outra política e que, por essa razão, vivemos "tempos de esperança".
Foto de Paulete Matos

Numa sessão comemorativa do 17º aniversário do Bloco realizada em Coimbra, a eurodeputada disse sentir-se “entusiasmada” com este momento embora consciente das “responsabilidades” e “dificuldades” que ele encerra.

“Nos últimos meses disseram que não haveria acordo de esquerda e houve, que Cavaco Silva nunca iria aceitar este governo e ele, embora tenha engolido um sapo, teve de o aceitar”, afirmou Marisa Matias que acrescentou: "disseram ainda que a Comissão Europeia iria chumbar o Orçamento e que o Bloco e o PCP jamais votariam um Orçamento”.

“Afinal de contas temos acordo, Orçamento e muito caminho pela frente”, disse.

Para Marisa Matias é a primeira vez, em muitos anos, que há um Orçamento que “devolve direitos em vez os tirar e é por isso também que a direita anda tão atarantada”.

“ A direita bate recordes de descaramento quando, por exemplo, diz todos os dias que este Orçamento é um ataque à classe média como se o ataque à classe média não tivesse sido feito de uma forma massiva pelo anterior governo”, referiu a eurodeputada que encontra neste discurso um problema que “já não é de personalidade dupla, mas antes, um problema de personalidade múltipla”.

“ A direita que fala em aumentos de impostos protagonizou o maior aumento de impostos da história da nossa democracia”, lembrou Marisa tendo afirmado: “ Só num ano aumentaram os impostos em quase 3 mil milhões de euros e por isso é bom lembrar que a carga fiscal da direita seria muito superior aquela que está neste Orçamento ainda com a diferença de que não haveria devolução de rendimentos”.

Depois de dizer que a direita acha que pode continuar neste estado de “birra permanente”, referiu que “Passos Coelho continua a comportar-se com se ainda fosse primeiro-ministro”.

Passos Coelho continua a comportar-se com se ainda fosse primeiro-ministro

Afirmando  que agora há um “novo enredo” que “passa por apostar tudo na desgraça nacional”, a dirigente bloquista fez questão de dizer que "se a esquerda nunca tinha votado favoravelmente um Orçamento do Estado, nunca fez o que a direita decidiu fazer agora, ou seja, votar contra tudo”.

“ A esquerda apresentou sempre propostas e apoiou rubricas que trouxessem benefícios para a nossa gente”, relembrou

“ O que nunca fizemos no Bloco ao longo destes 17 anos foi um voto de birra, uma falta de comparência em relação à representação dos nossos eleitores. E foi isso que o PSD e o CDS acabaram de fazer”, avançou.

“ Esta convergência parlamentar pode ainda não ter feito tudo, mas começou a tirar-nos da economia de miséria em que a direita nos tinha colocado”, sublinhou Marisa Matias

Para a deputada europeia “há ainda muito caminho a fazer que não se esgota no Orçamento, um caminho de exigência porque terá de enfrentar as pressões europeias, as pressões da direita para desestabilizar a nova maioria”

E terminou colocando uma pergunta: “ quem é que os deputados do PSD e do CDS estavam a representar quando pediram à Comissão Europeia para chumbar o Orçamento do Estado e para imporem mais sacrifícios aos portugueses?”

Mudar o que conta para o país

Na sua intervenção, José Manuel Pureza lembrou, as lutas em que o Bloco esteve envolvido ao longo de 17 anos.

“Lutámos contra o preconceito homofóbico, a precariedade, contra as guerras estúpidas do Iraque, da Líbia e da Síria”, disse, tendo acrescentado: “estivemos na luta para as mulheres serem pessoas plenamente autodeterminadas e mais recentemente batemo-nos contra a austeridade como estratégia de transferência de rendimentos do trabalho para o capital".

“ Lutámos ainda contra as privatizações que privam o país de ter controle sobre os pilares estratégicos disto que é ser um país”, acrescentou.

Pureza acentuou ainda que “o Bloco continuará a lutar pela escola pública, pelo Serviço Nacional de Saúde, pela Segurança Social Pública”.

“ A democracia ficou a ganhar com esta luta permanente do Bloco e hoje o desafio continua a ser o mesmo porque ao fim de 17 anos podemos dizer que é outra vez tempo de ser exigente, que é outra vez tempo de começar de novo”.

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