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Temos de dar mais meios e profissionais ao SNS, diz Marisa

Em entrevista ao Diário de Notícias, a candidata a Presidente da República falou dos desafios da crise. Sobre precariedade e o Serviço Nacional de Saúde, considera que Marcelo Rebelou de Sousa não deu “resposta nas áreas mais essenciais e é por isso que estamos a sofrer esta crise desta forma”.
Marisa Matias relembra que Marcelo Rebelo de Sousa pressionou “para que se incluísse na Lei de Bases da Saúde os serviços privados de saúde”.
Marisa Matias relembra que Marcelo Rebelo de Sousa pressionou “para que se incluísse na Lei de Bases da Saúde os serviços privados de saúde”. Imagem do vídeo da entrevista do DN/TSF.

Relembrando que o Presidente da República “esteve muito bem” quando se juntou à luta dos cuidadores informais, uma questão que Marisa Matias trabalha há vários anos, a candidata do Bloco de Esquerda à presidência da República não esquece que Marcelo Rebelo de Sousa teve “ausências muito importantes”, nomeadamente nas questões financeiras, na precariedade e na defesa do Serviço Nacional de Saúde.

“Não podemos achar que tantos milhares de pessoas que dedicam a sua vida a cuidar de outras pessoas, que já vivem numa situação de invisibilidade enorme e de injustiça enorme - agravada pela pandemia - podem ser deixados para trás”, afirmou Marisa Matias na entrevista ao Diário de Notícias / TSF.

Uma das razões para se recandidatar à presidência, “que já disse e mantenho, é o facto de uma luta tão específica como a luta pelo reconhecimento dos cuidadores informais ter sido um caminho que foi começado há alguns anos e ter tido já algumas conquistas, que resultaram do empenho desses cuidadores, nomeadamente da petição que apresentaram - o reconhecimento do estatuto de cuidador informal -, mas ainda haver muito por fazer. Nós achávamos que tínhamos 800 mil cuidadores e esses dados foram atualizados ontem para 1 400 000, e tenderão a ser agravados em situações de crise. É muita gente para nós deixarmos na mão e essa também é uma das razões pelas quais me apresento”, explica.

Mas foi sobre o Serviço Nacional de Saúde que a eurodeputada mais falou na entrevista, considerando que “neste momento estamos a assistir a uma necessidade enorme de reforçar, de dar mais meios, de dar mais profissionais ao SNS para poder responder” à crise e para “fazer valer a saúde não como negócio, mas como uma resposta para toda a gente”. E aqui, relembra que Marcelo Rebelo de Sousa pressionou “para que se incluísse na Lei de Bases da Saúde os serviços privados de saúde”.

“Nós estamos a viver uma crise muito profunda que está a deixar muita gente para trás. Eu acredito que nós não preparámos o país e acredito também que na Presidência, e apesar de Marcelo Rebelo de Sousa estar a ter um mandato incomparável, não houve resposta nas áreas mais essenciais e é por isso que estamos a sofrer esta crise desta forma”, diz.

A precariedade é outra “ausência” de Marcelo Rebelo de Sousa que não prestou “a devida atenção a quem trabalha com contratos precários neste país. Por alguma razão as pessoas com contratos precários acabam por ser as primeiras vítimas da crise”.

“Há muita influência que pode ser feita por um ou uma Presidente da República no sentido de estar ao lado de pessoas que perderam o seu trabalho ou que perderam os seus apoios, e esse trabalho não foi feito”, explica.

“Da mesma forma”, continua, “não concordo que se continue a dar todo o benefício ao setor financeiro e à banca para continuarem a usufruir de todos os recursos que têm usufruído, nomeadamente no contesto do Novo Banco. A minha posição em relação a isso foi diferente da que foi tomada pelo Presidente Marcelo”.

“Eu tenho um projeto, um programa, e é m relação a ele que eu quero apresentar voz. Nós estamos a viver uma crise muito profunda que está a deixar muita gente para trás”, continuou por dizer. E crítica uma “pressão” para “fazer valer das instituições privadas de saúde para além daquilo que é a defesa do SNS. Numa crise pandémica, nós precisamos de recorrer a toda a capacidade instalada na saúde”.

O público “não tem de pagar de maniera a ajudar a fazer negócio” do setor

privado da saúde, explica. "Não podemos esquecer de que quando tivemos os primeiros sinais da pandemia, foram os privados os primeiros a fechar portas ou a romper acordos de concessão com o SNS. Tivemos ainda a vergonha de termos privados a recusar mulheres grávidas por estarem com covid. Tiveram de ir para as unidades do SNS dar à luz. Foram os mesmos privados que não as recusaram quando elas andaram lá a pagar consultas privadas ao longo da sua gravidez. Portanto, neste momento, eu percebo que os privados têm uma redução do número de consultas, têm uma redução de atividade e precisam de rentabilizar isso de alguma forma. Agora, não façam é negócio às custas de uma crise e da nossa desgraça”, conclui.

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