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Teatro de Identidades cria peça com idosos através do telefone

O projeto, que abrange idosos da Amadora visa, “através da arte do contar, do escutar, do cantar, construir uma casa de afetos, onde caibamos todos dentro das nossas casas” e manter a “arte do imaginário” dos seniores ativa. Estreia deverá realizar-se em outubro.

Na sua Página de Facebook, o Teatro de Identidades explica que, “nestes dias de prevenção e cuidado”, tem procurado “manter a ligação com os seus idosos, população de risco, através de um teatro de escuta e de provocação, para quebrar o isolamento, reforçando a importância do simbólico, da partilha artística e do papel da arte em contextos de emergência”.

“Estamos próximos, porque juntos pela arte participativa e uma poética da escuta, queremos apoiar os nossos idosos, através do Teatro ao Telefone, através das artes participativas e do teatro e comunidade, temos vozes que trazem o calor, o conforto e o contacto possíveis: Escutar, Cantar, Ler, Propor, Provocar. Dar Voz em tempos de inquietação”, refere a estrutura teatral.

O projeto pretende “manter o que importa na cultura do nosso Teatro e comunidade: os rituais, a poesia, o encontro, a descoberta e a reflexão” e “através da arte do contar, do escutar, do cantar construir uma casa de afetos, onde caibamos todos dentro das nossas casas”.

A peça de teatro a ser criada ao telefone contribuirá para que os seniores mantenham a “arte do imaginário ativa”.

Em declarações à Time In (nova designação da Time Out), a encenadora, atriz e professora Rita Wengorovius explica que o projeto surge na continuidade do contacto com os idosos com que já trabalha desde 2012, em centros de dia e centros de convívio de seniores.

A ideia é levar a peça a palco em outubro: “Não sabemos se acontecerá, mas já temos datas, porque é importante criar esta sensação de futuro, para os motivar”, esclarece. A ideia é garantir “teatro com rigor e qualidade artística, como temos sempre feito e como queremos continuar a fazer, levando os idosos a teatros, como o Teatro da Trindade, por exemplo, onde há luz, há som, há um palco a sério, onde é possível dignificar a prática”, acrescenta.

Rita Wengorovius assinala que o projeto de investigação com seniores Teatro de Identidades é um “projeto-piloto em teatro para e com a comunidade”. “Estamos a falar de arte participativa, onde todos somos atores. Mesmo neste momento, não somos espectadores desta pandemia, podemos ter um papel dentro dela. Que papel é esse? Esta é apenas uma das questões a trabalhar”, vinca Wengorovius, que é também diretora artística do Teatro Umano.

Mestres e mestrandos de Teatro e Comunidade, na Escola Superior de Teatro e Cinema, têm desenvolvido várias atividades com esta comunidade sénior, entre as quais a leitura de histórias ao telefone, inspiradas no livro Histórias ao telefone, de Giani Rodari, artista pedagogo das escolas de Reggio Emilia.

Mas os idosos também são desafiados a continuar essas narrativas. “Há seniores mais expeditos que se têm voluntariado para ligar aos mais frágeis, que sofrem de enfermidades como Alzheimer e demência, e fazerem este trabalho de artistas com os seus pares”, aponta Rita Wengorovius, avançando que o projeto quer “dar voz a esta comunidade de idosos, até para sairmos do lugar-comum, dos estigmas e preconceitos, de que só nos criam entraves, porque temos aprendido muito com eles”.

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