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Tauromaquia e caça na TV espanhola: gastos milionários, audiências em queda

Em quatro anos, um programa de touradas custou 4,4 milhões e outro sobre caça 2,2 milhões. As audiências estão em queda, mas o conselho da televisão estatal diz que a transmissão se “liga diretamente com o exercício de direitos fundamentais e liberdades públicas”, invoca o “acervo cultural espanhol” e a importância económica.
Manifestação contra as touradas. Foto de equanimal/Flickr.
Manifestação contra as touradas. Foto de equanimal/Flickr.

Os dados de uma consulta pública da Fundação Franz Weber, realizada no início deste ano, demonstraram que, entre 2018 e 2022, a televisão pública espanhola gastou 2,2 milhões de euros no programa semanal de caça e pesca Jara y Sedal e 4,4 milhões de euros no programa semanal de touradas Tendido Cero.

O mesmo estudo, citado pelo jornal espanhol Público, apontava para uma queda de audiências de 37%, durante esse período, do programa de caça. Aquela fundação criticava o uso de dinheiro público destinado a reproduzir conteúdos “inadequados à infância” e que legitimam práticas que ameaçam espécies vulneráveis como o lobo, a perdiz e a codorniz. A mesma tendência de queda também se registava nas audiências do programa de caça que tinha tido uma quota de 2,2% em 2019, baixando para 1,9% no ano seguinte e 1,8% posteriormente.

Carles Mulet, senador do Compromís, coligação valenciana entre movimentos de esquerda e ecologistas, questionou a televisão pública espanhola por causa destes gastos e a resposta chegou agora. Em resposta escrita, assinada pela presidente interina do Conselho da RTVE, Elena Sánchez Caballero, citada igualmente pelo Público, justificam-se os gastos alegando que “a tauromaquia é parte do acervo cultural espanhol de forma indubitável” e que esta “tem uma indubitável transcendência como atividade económica e empresarial”, usando-se o habitual argumento dos “milhares de postos de trabalho” gerados. Aos argumentos do costume, soma-se contudo um pouco habitual, o de que este tipo de programas se “liga diretamente com o exercício de direitos fundamentais e liberdades públicas” Sobre as críticas a propósito da exposição dos públicos mais jovens a este tipo de conteúdo violento, escolhe dizer que a audiência entre os quatro e os 13 anos e os 13 e os 24 “é praticamente nula”.

Já sobre o programa de caça, as justificações apresentadas são a sua “grande vocação de divulgação com marcado carácter de serviço público dirigido a todos os setores” e “o nexo de união as grandes urbes e o grande mundo rural”. Garante-se ainda que “nunca” houve imagens neste programa de maus-tratos a animais.

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