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Sonia Guajajara: Grupo português quer travar demarcação de terras indígenas

Esta terça-feira, o Coletivo Alvito e a Fundação José Saramago organizaram uma conversa com Sonia Guajajara, que denunciou a pressão do grupo português Vila Galé sobre o governo do Brasil. Antes do evento, a liderança indígena reuniu com o grupo parlamentar do Bloco.
Foto de Mídia Ninja.

Referindo-se ao manifesto em defesa da Amazónia que foi apresentado durante o evento, a coordenadora executiva da APIB - Articulação dos Povos Indígenas do Brasil afirmou que “se pensamos em defender o planeta, em defender o ambiente e em defender os povos precisamos de garantir o equilíbrio das paisagens nativas, de todos os biomas” e de “respeitar os direitos ambientais e os direitos dos povos”.

Sonia Guajajara sinalizou como o governo foi beber da ditadura militar e resgata ideia do integracionismo e do etnocídio que está em curso no Brasil.

Alertando que a “autoridade máxima do país declarou guerra aos povos indígenas”, a liderança indígena brasileira vincou que está em causa garantir a sua existência, dando conta de como o discurso de ódio do presidente da República se tem vindo a traduzir no aumento dos ataques contra povos indígenas.

Segundo Sonia Guajajara, Bolsonaro “respalda as ações de pessoas que têm intenção de invadir, de matar” e o “armamento no país tem muito reflexo nessa violência”.

Vila Galé: grupo hoteleiro português quer construir hotel de luxo em terras indígenas

A coordenadora executiva da APIB denunciou ainda a forma como a empresa portuguesa Vila Galé, da área imobiliária, tem pressionado o governo brasileiro para travar a demarcação de terras indígenas.

Alertando para a situação preocupante dos tupinambás de Olivença, Sonia Guajajara destacou que “é importante que a população portuguesa pressione essa empresa para não adotar esta prática tão cruel de repetir esse erro histórico que foi a violência contra os indígenas”.

A liderança indígena brasileira apontou ainda que se pararem a demarcação em benefício desta empresa, isso pode abrir precedentes.

A Embratur, empresa federal de turismo, pediu à Fundação Nacional do Índio (Funai) que acabe com o processo de demarcação de terras revindicadas pelo povo Tupinambá, no sul da Bahia.

No ofício assinado pelo presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, é referido que o Grupo Vila Galé, sediado em Lisboa, e considerado um dos maiores do ramo hoteleiro português, pretende construir dois empreendimentos numa zona revindicada pelos Tupinambás.

As organizações de defesa dos direitos indígenas denunciam que este é um caso evidente de lobby do setor público para satisfazer interesses privados.

Pelo cancelamento de projeto hoteleiro no território tupinambá”, está a circular um abaixo-assinado, que já recolheu mais de 7.000 assinaturas e pode ser subscrito aqui.

Grupo parlamentar do Bloco reuniu com representantes das comunidades indígenas

Esta terça-feira o Grupo Parlamentar do Bloco reuniu com Sonia Guajajara e com representantes das comunidades indígenas para manifestar o seu apoio e solidariedade com movimento "Nem mais uma gota de sangue indígena" e com a luta que têm travado em defesa da floresta Amazónia.

Na audição foi apresentado um manifesto de apoio às causas indígenas, que o Bloco subscreve, e denunciados os ataques que o governo de Jair Bolsonaro tem feito às suas comunidades e à floresta amazónica.

Notícia atualizada às 23h45 de 5 de novembro de 2019

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