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Somincor recorre à GNR para limitar greve nas Minas de Neves-Corvo

Até sexta-feira, os trabalhadores cumprirão uma greve de cinco dias, pelo fim do regime de laboração contínua e pela humanização dos horários de trabalho, mas a empresa tem dificultado o exercício deste direito e a atividade do piquete de greve. Bloco já questionou o Ministro do Trabalho.
Esta quarta-feira, dia 8 de novembro, pelas 8h15 da manhã, foi reportado pelos trabalhadores, com queixa encaminhada às autoridades, que houve uma tentativa de atropelamento de um carro da GNR a 3 elementos do piquete de greve. Foto de Fiequimetal.

Face à recusa da administração da Somincor em dialogar após a greve realizada entre 3 e 7 de outubro passado, os trabalhadores das Minas de Neves-Corvo iniciaram uma nova greve de cinco dias, às 6h do dia 6 de novembro. Na próxima sexta-feira, irão concentrar-se em frente ao Ministério do Trabalho, em Lisboa.

O protesto exige o fim do regime de laboração contínua no fundo da mina, dado que os horários atualmente praticados implicam cinco dias de trabalho e apenas um de descanso. A administração propõe um horário diário de 10 horas e 42 minutos no fundo da mina, algo que os trabalhadores consideram “desumano”.

Os trabalhadores exigem também a “antecipação da idade da reforma dos trabalhadores adstritos às lavarias”; a atribuição da “progressão da carreira profissional” para os trabalhadores que rejeitaram a laboração contínua; o respeito pelo contrato coletivo de trabalho, no que respeita à progressão de carreiras e salários; e o fim da “pressão e repressão sobre os trabalhadores”.

Perante a realização desta nova greve, a Administração da Somincor recusou a resolução do conflito e decidiu espalhar vedações e portões em diversos locais da empresa, procurando criar dificuldades ao exercício da atividade do piquete de greve. Esta tem sido a prática da empresa, em especial depois da aquisição pelo Grupo Lundin-Mining, isto é, tentar limitar o direito à greve em vez de adotar uma posição dialogante para com as reivindicações dos trabalhadores.

Já no dia 7 de novembro, foi reportado à comunicação social, pelo sindicato e pelos trabalhadores, o recurso à GNR como forma de pressão para limitar a greve e a ação do piquete.

Numa nota de imprensa, a direção da Fiequimetal repudiou “de forma veemente” o facto de “a Unidade de Intervenção da GNR estar a interferir na greve em curso na Sociedade Mineira de Neves-Corvo, colocando-se do lado patronal e contra a luta dos mineiros”.

Bloco questiona Ministro do Trabalho e exige cumprimento da lei e da Constituição

O Bloco de Esquerda teve conhecimento deste recurso à GNR, pela Somincor, no sentido de limitar o direito à greve, relatado pelo sindicato. Porém, na pergunta que endereçaram esta quarta-feira ao Ministro do Trabalho, o deputado José Soeiro e a deputada Isabel Pires relatam uma nova situação: “Esta quarta-feira, dia 8 de novembro, pelas 8h15 da manhã, foi reportado pelos trabalhadores, com queixa encaminhada às autoridades, que houve uma tentativa de atropelamento de um carro da GNR a 3 elementos do piquete de greve”.

Considerando que “a luta destes trabalhadores é histórica, tanto mais que as condições de trabalho são extremas e têm implicações graves para a saúde dos trabalhadores”, o Bloco recebeu a nova notícia “com bastante preocupação” e “repudia” a atitude tomada pelas forças policiais.

Os deputados lembram ainda que “a administração da Somincor não é dona das minas de Neves-Corvo, mas apenas concessionária da sua exploração e tem compromissos assumidos com o Estado português, estando obrigada a cumprir a legislação em vigor e a respeitar os direitos dos trabalhadores, mesmo no que toca ao exercício da greve”.

Para o Bloco, é função do Ministro do Trabalho “fazer valer o cumprimento da lei e da Constituição e impedir que situações de violência como as ocorridas no dia de hoje aconteçam”, justificando assim o pedido de intervenção por parte da Tutela.

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