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Solidariedade com a Catalunha deixa Assange sem comunicações

O governo do Equador mandou cortar a internet e telefones ao fundador da Wikileaks, após Assange ter recusado apagar um tweet a denunciar a perseguição a Puigdemont, revelou a Wikileaks esta quinta-feira.
Julian Assange
Foto: David G Silvers. Cancillería del Ecuador.

Há seis anos confinado nas instalações da embaixada equatoriana em Londres, o fundador da Wikileaks viu esta semana cortados os seus canais de comunicação com o exterior. A decisão do governo do Equador repete o que já havia feito em 2016, quando a Wikileaks divulgou os emails do chefe de campanha de Hillary Clinton, John Podesta.

Desta vez, acusa a Wikileaks, a razão foi um tweet em que Julian Assange compara a situação de Carles Puigdemont, agora detido na Alemanha a pedido da Espanha para ser extraditado e responder em Madrid pelo crime de rebelião, com a do presidente eleito pela república catalã Lluis Companys, detido na Alemanha pela Gestapo em 1940 e entregue a Espanha, onde acabou executado pela ditadura franquista.

Num tweet posterior, Assange recordou que a mesma comparação tinha sido feita há meses, mas em tom de ameaça, pelo porta-voz do PP, dizendo que Puigdemont iria “acabar como Companys”. O recente pedido de Espanha para que a Alemanha entregue Puigdemont para uma condenação até 30 anos de prisão fez ressurgir a "premonição" do porta-voz do PP espanhol.

“O governo do Equador adverte que o comportamento de Assange, com as suas mensagens através das redes sociais, põe em risco as boas relações que o país mantém com o Reino Unido, com o resto dos Estados da União Europeia e outras nações”, razão pela qual “interrompeu a 27 de março as comunicações com o exterior a que Assange tem acesso”, informou o governo em comunicado.

Advogado de Puigdemont na Alemanha diz confiar na independência dos juízs e do governo alemão

Após visitar o ex-líder do governo catalão no centro de detenção de Neumünster, Wolfgang Schomburg afirmou que Puigdemont se encontra “bem e animado”, enquanto aguarda pela resposta da justiça germânica sobre o pedido da sua extradição para Espanha.

“Antes de mais, confio na independência dos juízes. E em segundo lugar, na do governo alemão”, afirmou o advogado de Puigdemont, que já tinha apelado a Angela Merkel para que deixe claro que a Alemanha não concede extradições por motivos políticos.

Numa entrevista ao Süddeutsche Zeitung”, Schomburg afirma que as acusações contra Puigdemont, que têm por base a violência da sua conduta, são insustentáveis. E acrescentou que recorrerá ao Tribunal Constitucional alemão caso o ex-governante não seja colocado em liberdade.

A procuradoria de Schleswig-Holstein continua a analisar a ordem de detenção emitida pelas autoridades espanholas e não se prevê que haja uma decisão antes da próxima terça-feira.

Wolfgang Schomburg já foi juiz federal em Karlsruhe e é considerado um dos maiores peritos em direito penal internacional. Foi o primeiro juiz alemão a ser eleito pela Assembleia Geral da ONU para integrar um tribunal penal internacional, nos casos da guerra da ex-Jugoslávia e do Ruanda.

 

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