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“Solidariedade com ativistas angolanos não vai esmorecer”

Centenas de pessoas concentraram-se em Lisboa para denunciar a condenação de 17 ativistas angolanos prometendo “ não esmorecer o protesto”. Bloco apresentou no parlamento um voto de condenação pela “perseguição política”.
Manifestantes pediram a libertação dos ativistas angolanos.

"Temos de continuar a fazer o que temos feito até agora", apelou Pedro Coquenão, músico e um dos organizadores das várias concentrações que têm pedido "Liberdade, já!" para os "presos políticos em Angola".

Reconhecendo que as tomadas de posição internacionais sobre o caso dos ativistas detidos em junho do ano passado não resultaram e que "tudo continua a acontecer em Angola como se não houvesse pressão", o ativista afirmou que, sem pretenderem "adivinhar a desgraça" -o cartaz já estava "pintado há uns dias" -, para os manifestantes "tudo indiciava que o desfecho fosse algo deste tipo".

Recorde-se que um tribunal de Luanda condenou, por “rebelião e associação criminosa”, os 17 ativistas angolanos a penas entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses de prisão efetiva.

A "novidade" da sentença conhecida hoje é confirmar que, em Angola, "não há exceção à regra", resume Coquenão, considerando que este é "o abrir de um outro" ciclo. Com uma vantagem: "agora está claro para todos qual é a posição de toda a gente envolvida".

Assumindo a sua "tristeza", Pedro Coquenão diz que manter o assunto na agenda depende, agora, de todos.

"Depende de nós e em nós estão os média também. Os média não podem estar a reboque de dramas mais ou menos insuflados pelo acentuar de uma greve de fome aqui ou ali", critica, apelando a que se investigue as relações que Angola tem com Europa, Estados Unidos e "tudo o que sustenta" a sociedade portuguesa. "Ou então, não estamos aqui a fazer nada, nem jornalistas, nem pessoas", sublinha.

Na concentração, estiveram também presentes Francisco Louçã, o líder parlamentar do Bloco, Pedro Filipe Soares, a deputada Isabel Pires, escritores como José Eduardo Agualusa e figuras públicas como o humorista Ricardo Araújo Pereira, além de representantes de várias associações como a Amnistia Internacional, Solidariedade Imigrante e SOS Racismo.

A irmã a filha de dois anos de Luaty Beirão que foi condenado a cinco anos e seis meses de prisão marcaram também presença neste protesto.

Serena Mancini, irmã de Luaty Beirão, disse que estava "à espera" deste desfecho, embora mantenha "esperança nos recursos". Até lá, é preciso protestar. "Mais do que nunca, Angola tem de sentir a pressão e as consequências daquilo que está a fazer", afirmou.

Bloco condena violação de direitos fundamentais

Entretanto, o Bloco apresentou no parlamento um voto de condenação pela “perseguição política” em Angola, assim que foi conhecida a sentença contra Luaty Beirão e outros ativistas angolanos, com sentenças entre os dois e os oito anos de prisão.

De acordo com o texto subscrito pelos deputados bloquistas, “os ativistas foram condenados em resultado da leitura coletiva que fizeram do livro «Da Ditadura à Democracia»”.

“Ou seja, foi por exercerem os seus direitos fundamentais, como defende a Declaração Universal dos Direitos Humanos quando diz que «toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião», que os ativistas foram presos”.

“Ilegalmente detidos, abusivamente tratados e com os seus direitos restringidos, os ativistas levaram a cabo uma greve de fome para chamar a atenção para a injustiça de que estavam a ser alvos. Luaty Beirão fez a greve de fome mais longa, que durou 36 dias”, refere o Bloco.

Os bloquistas referem que apesar do movimento internacional em defesa dos ativistas“o regime político angolano não se inibiu de levar por diante a encenação judicial e concluir com penas de prisão todo um processo que violou recorrentemente a própria lei angolana e o direito internacional”.

O voto de condenação pela perseguição política em Angola será votado em sessão plenária do parlamento na próxima quinta-feira.

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