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Sindicato denuncia “absoluto isolamento” de médica nos Hospitais de Coimbra

O Sindicato dos Médicos da Zona Centro (SMZC) denunciou que uma médica dirigente sindical, que apresentou queixa de assédio moral, está em “absoluto isolamento” no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). O problema arrasta-se há dois anos.
Hospitais da Universidade de Coimbra, foto wikipedia
Hospitais da Universidade de Coimbra, foto wikipedia

O presidente do sindicato, Noel Carrilho, afirmou que a referida médica apresentou queixa por assédio moral no Tribunal de Trabalho de Coimbra no dia 4 de outubro e, desde esse dia, “não tem qualquer função atribuída, não estando o seu nome em qualquer escala/horário do Serviço de Sangue e Medicina Transfusional (SSMT), a que está afeta, ou do Serviço de Urgência”.

Noel Carrilho explicou em conferência de imprensa, segundo a Lusa, que o problema se prolonga há mais de dois anos e que a médica “desespera” para ser reintegrada no seu posto de trabalho no SSMT, após licença parental.

"A situação é insustentável e assume uma dimensão institucional: o CHUC está acusado de assédio moral sobre uma dirigente sindical e após mais de dois anos continua a insistir que todas as situações de alegado assédio não o são e que tudo isto não passa de uma falsa acusação", criticou o presidente do SMZC.

Noel Carrilho considerou incompreensível que o centro hospitalar "mantenha esta trabalhadora afastada das suas funções e remetida a atender telefonemas e a realizar trabalho menor no Hospital de Dia do SSMT e os seus utentes privados do trabalho da médica mais diferenciada na área da coaguloatias congénitas em idade pediátrica".

"Que não restem dúvidas, há dois anos consecutivos que os utentes em idade pediátrica do Centro de Referência de Coagulopatias Congénitas não têm podido usufruir dos cuidados de saúde da única médica com experiência em coagulopatias congénitas em idade pediátrica", acusou o presidente do sindicato.

Referindo que a médica foi contratada especificamente para exercer funções no SSMT e recebeu em novembro um “prémio internacional”, Noel Carrilho declarou que só com o contributo desta médica "foi possível ao CHUC o reconhecimento como Centro de Referência de Coagulopatias Congénitas".

O presidente do SMZC também considera incompreensível que o centro hospitalar "nunca tenha desencadeado qualquer processo disciplinar depois de efetuada, em setembro de 2018, a respetiva queixa pela trabalhadora médica, na altura delegada sindical, estando legalmente obrigado a tal".

O dirigente sindical criticou ainda a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde que desencadeou “um processo que arquivou com o simples envio de uma exposição do presidente do conselho de administração do CHUC, sem nunca ter ouvido a participante/trabalhadora e limitando-se a aceitar a ‘palavra’ de que a situação estava resolvida e que não existia qualquer assédio".

"Ao longo de mais de 40 anos de vida, não há memória de um comportamento tão reiterado, tão inconspícuo e tão vexatório por parte do CHUC contra uma dirigente sindical", frisou o presidente do sindicato.

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