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Senadora acusa CIA de espiar comissão que a supervisiona

A presidente da comissão do Senado norte-americano que investiga casos de tortura por parte da CIA denunciou uma campanha da agência de espionagem contra o trabalho da sua equipa e quer que Obama publique o seu relatório.
Dianne Feinstein quer que Obama torne público o relatório da Comissão sobre as práticas de interrogatório da CIA após o 11 de setembro. Foto SenRockefeller/Flickr

Aos 80 anos, Dianne Feinstein é a senadora mais idosa dos EUA e nas últimas eleições tornou-se a mais votada de sempre, com 7.75 milhões de votos recolhidos na Califórnia em 2012. É responsável pela comissão que supervisiona os serviços de informações e são bem conhecidas as suas posições em defesa das escutas da Agência Nacional de Segurança (NSA) ou dos ataques com drones sob comando da CIA, bem como as suas repetidas acusações de “traidor” a Edward Snowden. Mas esta terça-feira surpreendeu os jornalistas com uma declaração nos corredores do Senado dos EUA, onde acusou a agência de espionagem norte-americana de estar a violar a separação de poderes protegida na Constituição, agindo de forma a intimidar a equipa que tem investigado nos últimos anos  a ação da CIA no pós-11 de setembro, em particular com a extração e interrogatório de muitos detidos em prisões secretas.

O braço de ferro entre esta comissão e a CIA teve o seu ponto alto em janeiro, quando foi descoberto que a CIA tinha vigiado os computadores usados pelos investigadores. O diretor da agência justificou mais tarde essa vigilância com o receio de que os membros da comissão tivessem tido acesso a um relatório interno sobre as práticas de interrogatório, consideradas por muitos ativistas pelos direitos humanos como práticas de tortura.

De acordo com o diário Guardian, a senadora acusou a CIA de procurar montar uma campanha nos media para descredibilizar a investigação e de ter apagado documentos que continham provas de tortura e identificavam os seus responsáveis. Dianne Feinstein acrescentou que uma das manobras da agência tinha sido a de disponibilizar milhões de páginas em bruto (não-indexadas) à comissão, que levaria anos até as conseguir ler por completo.

“Este é um momento decisivo para o papel supervisor deste comité, o de saber se ele pode ser frustrado por aqueles que supervisionamos”, declarou a senadora, desafiando agora a Casa Branca a tornar públicas as conclusões preliminares da investigação. Trata-se de um relatório com milhares de páginas que revela os “pormenores horríveis de um programa da CIA que nunca devia ter existido”, diz Dianne Feinstein, esperando que a sua divulgação ao público contribua para que as práticas de tortura deixem de fazer parte da política norte-americana.

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