“Se Governo não percebe que há um problema de investimento público não está a analisar bem o país”

06 de November 2019 - 12:21

Pedro Filipe Soares participou no podcast “Direto ao Assunto” onde falou sobre a falta de investimento nos serviços públicos essenciais e da janela de oportunidade que o Governo deixou escapar para solucionar os problemas que daí advêm.

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“Se Governo não percebe que há um problema de investimento público não está a analisar bem o país”
Foto de Tiago Petinga/Lusa.

Embora valorize os avanços obtidos com o acordo parlamentar da passada legislatura, o Bloco de Esquerda reconhece não ser possível fazer “uma análise dos últimos quatro anos sem colocar em cima da mesa a questão das cativações”, uma vez que estas “afetaram o investimento público”, comentou esta manhã Pedro Filipe Soares.

Participando no podcast Direto ao Assunto do jornal Observador, Pedro Filipe Soares mencionou a falta de auxiliares nas escolas ou a falta de médicos no hospital Garcia de Orta como exemplos da forma como a falta de investimento público afeta os serviços públicos essenciais.

“Nós [Bloco de Esquerda] definimos um conjunto de metas para a contratação de pessoal para o SNS que depois não foram cumpridas” pelo Governo do Partido Socialista. Para além da questão das cativações, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda aponta também a falta de investimento do Estado nas carreiras e nas condições laborais como um dos motivos da falta de competitividade do serviço público que faz com que seja mais difícil a contratação de novos profissionais de saúde.

“Se o Governo não percebe que tem um problema em diversos setores do Estado, dos quais a Saúde é apenas um deles, então não está a analisar corretamente o país”. Para resolver esses mesmos problemas “também pelo Orçamento do Estado, com a questão direta de rendimentos”, mas sobretudo “com um pensamento daquilo que se quer para o Estado”. Para o Bloco, a insegurança face a possíveis cortes salariais e os congelamentos de carreiras são fatores “da maior instabilidade” para os trabalhadores da administração pública e “absolutamente desmotivadores”. A solução passa, assim, por uma “visão” estratégica “para o Estado”.

Dando novamente o exemplo dos profissionais de saúde, as denúncias de que já estão esgotadas todas as horas extraordinárias no hospital Garcia de Orta são um grande indicador de que existe um “problema que tem de ser resolvido”, sob pena de “minar os serviços públicos nas funções essenciais do Estado”.

“Desse ponto de vista, ou há uma sensibilidade do Governo para a matéria, ou o Governo falhará”, concluiu.

“Há uma janela de oportunidade que se deixou escapar em cada um destes anos para poder tratar estes problemas do Estado”, que se têm agravado.

Sobre a primeira reunião do Governo na concertação social, o líder da bancada bloquista alerta para que não se delegue aí “uma responsabilidade que afeta a economia e afeta de forma tão relevante os destinos do país”, referindo-se à discussão que aí decorrerá sobre o salário mínimo nacional.