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“Schäuble usa Portugal como bode expiatório”

Referindo-se ao sistema financeiro, Mariana Mortágua afirmou que é preciso controlar a banca para que não seja preciso entregar mais dinheiro a bancos privados, ter capacidade para para lidar com as imparidades. Disse ainda que o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble "difama Portugal para esconder os problemas que atravessam o Deutsche Bank".

Na sua intervenção no Parlamento sobre o sistema financeiro, a deputada bloquista começou por dizer que a banca é curiosa e ironicamente o setor mais debatido na Assembleia da República mas ao mesmo tempo aquele em que "a discussão e a prática não têm ido ao essencial".

“A verdade é que desde a crise que andamos a tapar o sol com a peneira e depois ficamos surpreendidos quando apanhamos queimaduras porque não havia proteção mas apenas uma peneira”,  ironizou Mariana Mortágua, tendo acrescentado que "o mais paradigmático exemplo deste exercício de negação coletiva é o anterior governo do PSD/CDS”.

Relembrando as situações que têm acontecido neste setor, a dirigente bloquista disse que o BES faliu, o Novo Banco foi criado supostamente sem dinheiro dos contribuintes para ser vendido passados alguns meses mas já passaram dois anos, as perdas acumulam-se, o fundo de resolução está quase insolvente e estão lá 4 mil milhões de euros dos contribuintes.

“O Novo Banco não foi vendido e nem sequer o seu perímetro estava correto e por isso este, por decisão Banco de Portugal, teve de ser alargado”, disse a deputada que se referiu ainda ao Banif onde "foram injetados 1.100 milhões de euros, escondeu-se a situação do banco, foi dito que este era viável e que seria vendido passados alguns meses".

"O PSD dizia que não havia problemas com o Banif"

“Não havia qualquer problema com o Banif dizia na altura o PSD”, lembrou Mariana Mortágua.

A deputada bloquista referiu o que se passou depois, ou seja, quatro anos depois o Banif estava falido e foi necessário colocar três mil milhões de euros dos contribuintes.

Durante a sua intervenção Mariana Mortágua fez ainda referências ao BCP que devolveu um terços dos CoCos mas está muito longe de ser capitalizado e à Caixa Geral de Depósitos que não devolveu o dinheiro dos CoCos mas também precisa de capital e o Montepio que sofreu um downgrade de rating no passado mês de junho.

“Depois de todos estes casos, de todas as imparidades que hoje conhecemos na banca, o PSD e o CDS insistem que a banca está em melhores condições”, disse.

“É pura negação ainda mais motivada por questões políticas porque todos sabemos o que motivou as negações do passado”, sublinhou, tendo acrescentado que “tal fica a dever-se ao facto de não querer assumir que é preciso fazer alguma coisa com a banca porque isso tem custos que são também políticos e o PSD e o CDS não os quiseram assumir".

Em termos futuros, a parlamentar bloquista afirmou que é preciso saber o “que o PS pretende fazer de diferente do que fizeram PSD e CDS”.

“Recapitalizar a Caixa Geral de Depósitos é prioritário e não podemos continuar com a estratégia de por a cabeça na areia e fechar os olhos à espera que tudo passe para que não tenhamos que lidar com os problemas”, avançou.

Desta forma, a deputada bloquista insistiu na necessidade de conhecer as contas que justificam a recapitalização da Caixa e perceber a proposta relacionada com o banco público.

Mariana Mortágua referiu-se ainda o minsitro da Finanças alemão, Wolfgang Schäuble a que acusou de "difamar" e usar Portugal como " bode expiatório".

"Sempre que lhe é perguntado sobre o estado em que está o Deutsche Bank, utliza Portugal para nunca responder sobre os problemas do seu próprio banco", afirmou Mariana Mortágua, acentuando que " o parlamento português tem direito de responder ao ministro das Finanças alemão quando este difama Portugal”.

Mariana Mortágua: "É Inaceitável que Schäuble difame Portugal"

Mariana: "Recapitalizar a Caixa Geral é prioritário, mas temos de conhecer as contas"

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