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Sara R. Farris abre Conferência Internacional “Feminismo e o Combate à Extrema-Direita”

A sessão de abertura da conferência, a realizar-se no sábado, 14 de maio, será protagonizada pela socióloga e teórica política Sara R. Farris, internacionalmente reconhecida pelo seu estudo original, publicado em 2017, intitulado In the Name of Women's Rights: The Rise of Femonationalism. Artigo publicado em Abril é Agora.

SARA R. FARRIS é socióloga e professora na Goldsmiths, University of London, e o seu notável trabalho de investigação é reconhecido internacionalmente. O seu pensamento e obras publicadas indicam uma especialização nos campos da Teoria Social e dos Estudos de Género, abrangendo temas como o das Migrações e o da Reprodução Social ou dos Cuidados.

Tem vários artigos publicados em revistas académicas importantes e também vários livros, tendo especial relevo as obras In the Name of Women’s Rights. The Rise of Femonationalism (Duke University Press, 2017) e Max Weber’s Theory of Personality. Individuation, Politics and Orientalism in the Sociology of Religion (Brill 2013).

O seu trabalho de investigação tem sido financiado pelo Instituto de Estudos Avançados, em Princeton (EUA), pela Comissão Europeia, através dos programas Daphne III e Marie Curie, e também pela instituição britânica Leverhulme Trust.

Sara R. Farris é também uma ávida leitora de romances feministas. A sua recensão sobre o quarteto da escritora Elena Ferrante foi incluída no National Theatre Programme que reúne adaptações dramáticas do livro A Amiga Genial (Relógio d’Água, 2014).

Em nome dos direitos das mulheres?

Destaca-se o seu estudo sobre a mobilização de temas feministas por parte de partidos nacionalistas e de extrema-direita, dentro das suas campanhas anti-imigração e islamofóbicas, um fenómeno que cunhou originalmente como femonacionalismo. Trata-se de um termo que condensa a formação ideológica inerente a um “nacionalismo feminista e femocrático”. Na sua investigação, Sara R. Farris deu uma particular atenção às ações, campanhas e discursos de três partidos, em três contextos nacionais diferentes, como o Partido Pela Liberdade (Holanda), a Frente Nacional (França) e a Liga Norte (Itália). No entanto, a sua análise estende-se ainda às posições assumidas por algumas feministas, “femocratas” e organizações pela Igualdade de Género, bem como por representantes de correntes políticas neoliberais, dado que estes dois campos também coincidem no mesmo fenómeno.

No seu livro In the Name of Women’s Rights. The Rise of Femonationalism (2017), Farris demonstra-nos, com elevado rigor de inquirição empírica e complexidade teórica, como estes três distintos atores políticos – nacionalistas, algumas feministas e neoliberais - exemplificam uma heterogénea e contraditória convergência na invocação da igualdade de género como meio de produção e legitimação de um discurso e práticas xenófobas, particularmente anti-muçulmanas. Com esta estratégia, estes têm avançado com os seus próprios objetivos e interesses políticos, os quais são eminentemente avessos a uma agenda emancipatória e universalista.

Segundo Farris, a estratégia femonacionalista baseia-se sobretudo na assumpção de que os homens e as mulheres muçulmanas são os principais representantes do binómio opressor-vítima, que depois é projetado e generalizado aos migrantes do sul-global. Por outro lado, este mesmo binómio opressor-vítima tem alimentado as representações e os estereótipos implantados durante o passado colonial dos três países em análise e que são também uma parte dos reportórios racistas mais comuns. Porém, a autora avisa claramente que a sua crítica ao retrato europeu das mulheres muçulmanas, enquanto vítimas paradigmáticas do patriarcado não-ocidental, não nega, em momento algum, a desigualdade e a repressão a que estas mulheres são sujeitas, tal como o são as mulheres inseridas noutros contextos culturais, sociais e nacionais. Particularmente original e relevante, do ponto de vista político, é o facto do seu estudo explorar as importantes dimensões político-económicas que são, na Europa Ocidental, a incontornável base destas paradoxais intersecções.

A Conferência Internacional “Feminismo e o Combate à Extrema-Direita” é de entrada livre, mas sujeita a inscrição. Poderás inscrever-te aqui e encontras mais informação na página de internet do Observatório de Extrema-Direita e no evento de facebook da iniciativa.


Parte da informação biográfica aqui descrita foi traduzida por Sofia Roque, a partir do perfil da autora, publicado no site da Goldsmiths, University of London. A apresentação dos temas do livro In the Name of Women’s Rights. The Rise of Femonationalism também é da sua autoria.

https://www.gold.ac.uk/sociology/staff/farris-sara/

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