You are here

Sanções a Portugal são uma “completa perversão”, defende ex-regulador financeiro britânico

Adair Turner, ex presidente da Financial Services Authority (FSA), e atual presidente do Instituto do Novo Pensamento Económico, defende que as sanções a Portugal e Espanha irão prejudicar a zona euro.

“A zona euro não está numa boa situação económica e o nível de austeridade aplicado em países periféricos como Portugal, Espanha e Itália está a prejudicar o crescimento económico”, salientou Adair Tuner, numa entrevista à agência Lusa à margem do Fórum do Banco Central Europeu (BCE).

Segundo o economista britânico, existe ainda um “enorme número de problemas por resolver” que só podem ser resolvidos com “o lançamento de estímulos” por países que têm margem orçamental, como a Alemanha e a Holanda, ou “num nível federal”, através de uma autoridade orçamental a nível da zona euro.

“Neste momento, é difícil que essas ideias apareçam. E, se não aparecerem, o resultado para a economia da zona euro para os próximos cinco ou 10 anos não será bom, de todo. E aplicar sanções não vai ajudar em nada”, acrescentou Adair Turner.

O presidente do Conselho de Administração do Instituto do Novo Pensamento Económico, com sede em Londres, defendeu que “a estrutura que se arranjou para encontrar uma abordagem mais comum transformou-se num conjunto de regras mecânicas para reforçar a austeridade”.

“E isto é uma completa perversão do que é necessário”, vincou.

Sobre a situação da banca portuguesa, Adair Turner assumiu que não compreende como é que os problemas no BES e Banif não foram identificados durante o programa da ‘troika’.

“Na Irlanda, em 2008, sabíamos imediatamente que o grande problema era o sistema bancário. E o foco da ‘troika’ na Irlanda e todo o programa de ajustamento teve um foco enorme na banca. Não percebo por que é que em Portugal foi diferente”, destacou, recordando que o programa desenhado para o país incidiu, desde o início, nas finanças públicas.

Termos relacionados Internacional
(...)