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Sanções dos EUA contra gasoduto Nord Stream rejeitadas por Alemanha e Rússia

Na posição conjunta dos dois países, Serguei Lavrov e Heiko Maas, ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia e da Alemanha, rejeitaram as novas sanções dos Estados Unidos da América contra o gasoduto Nord Stream 2.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, deslocou-se a Moscovo para reunir com o seu homónimo, Serguei Lavrov. Fonte: Ministério Negócios Estrangeiros da Rússia, via Agência Lusa.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, deslocou-se a Moscovo para reunir com o seu homónimo, Serguei Lavrov. Fonte: Ministério Negócios Estrangeiros da Rússia, via Agência Lusa.

“Onde comprar combustível é uma decisão soberana. Nenhum Estado pode proferir ameaças sobre o que será a política energética da União Europeia [UE]", disse o responsável alemão, Heiko Maas, em conferência de imprensa em Moscovo após uma reunião com o seu homónimo, Serguei Lavrov, noticia a agência Lusa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão falou de seguida em nome do seu governo mas também em nome da União Europeia, para afirmar que “as relações transatlânticas são de grande importância não apenas nos últimos tempos, mas ao longo de muitos anos", o que não impediu de criticar a postura dos EUA.

Maas prossegue assumindo-se como porta-voz da União Europeia: "debatemos este tema na UE, até que ponto as sanções extraterritoriais violam o direito internacional, conversaremos com os nossos parceiros e abordarei com muito clareza a nossa posição com o secretário de Estado dos Estados Unidos", indicou.

A soberania é um tema primordial para a UE, reitera Maas. "Temos valores em que nos apoiamos, mas também temos interesses. E se violam esses interesses, afirmamo-lo com clareza, na direção do ocidente como do leste. A Europa deve ser capaz atualmente de fazer mais pela sua segurança e exprimir-se com mais clareza em defesa dos seus interesses", afirmou.

Serguei Lavrov denunciou as sanções aplicadas pelos EUA e pela União Europeia à Rússia como ilegais, no que considera ser um padrão autoritário da administração Trump.

"Apesar de aplicar sanções unilaterais, a UE abstém-se de impô-las de modo extraterritorial. Mas os EUA não cumprem qualquer tipo de 'linhas vermelhas', nenhum tipo de limites, e perseguem sem nenhuma perspetiva de diplomacia, de forma grosseira, um único objetivo, fazer tudo o que se lhes aprouver", criticou.

Três senadores norte-americanos, do Partido Republicano, enviaram uma carta ao governo alemão onde ameaçavam de "destruição financeira" o porto de Sassnitz, na ilha alemã de Rügen (mar Báltico), caso a Alemanha não terminasse de imediato a sua participação no projeto.

Em dezembro de 2019, o Congresso norte-americano aprovou sanções contra o projeto Nord Stream 2, que Washington entende ser uma forma de Moscovo reforçar a sua influência na Europa, apesar de ser mas considerado estratégico pelos seus promotores para o fornecimento do espaço europeu.

"Os EUA afirmam publicamente que vão impedir a qualquer preço o Nord Stream 2 porque defendem a 'segurança energética' da Europa. Se os nossos parceiros europeus estão dispostos a ceder aos Estados Unidos a solução da sua segurança, seja energética ou outra, então é a sua decisão", precisou Serguei Lavrov.

Em contraste, elogiou a Alemanha: "a reação da Alemanha é outra" porque "possui a sua própria posição e defende-a". E assegurou que, independentemente da posição dos EUA, as empresas e países envolvidos no projeto Nord Stream 2 “estão empenhados em concluí-lo”.

A União Europeia não foi mencionada por Lavrov.

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