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Trabalhadores da RTP em luta por direitos laborais

A adesão ao plenário de trabalhadores que teve lugar esta quarta-feira foi massiva. Efetivos e precários aprovaram caderno reivindicativo que inclui reenquadramento e atualização salarial de trabalhadores do quadro e regularização dos falsos recibos verdes.
Foto de Paulete Matos.

Contra as reivindicações de reenquadramento e de atualização salarial de trabalhadores do quadro e contra as reivindicações de regularização dos falsos recibos verdes, o Conselho de Administração (CA) tem invariavelmente invocado restrições orçamentais. Tem, além disso, fomentado a desconfiança e hostilidade mútua entre efetivos e precários, sempre com algum êxito. Na semana que começou em 5 de novembro, várias dezenas de precários concentrados à porta da RTP tinham enviado uma delegação ao CA e tinham recebido uma resposta negativa sobre o desbloqueamento do processo de integração, mais uma vez com essa desculpa. Mas, três dias depois, o mesmo CA anunciou a contratação externa de duas novas diretoras adjuntas para a informação da televisão. Com esse anúncio, suscitou uma indignação generalizada e desencadeou a convocatória do plenário desta quarta-feira.

Só em 2012, quando a empresa esteve ameaçada de privatização e muitos dos seus trabalhadores de despedimento, houve um plenário maior do que este. Na altura, não couberam no auditório os trabalhadores, que tiveram de ir reunir-se ao ar livre. Esta quarta-feira couberam no auditório, com todos os lugares cheios, com dezenas de pessoas sentadas no chão e em pé, do lado de dentro e do lado de fora da porta. O inédito deste plenário, sob esse aspeto superior até ao de 2012, foi tratar-se pela primeira vez de uma reunião intergeracional com grande número de efetivos e precários.

As duas horas de plenário foram preenchidas com uma discussão muito participada. No início, uma intervenção de Ana Luísa Rodrigues, do Sindicato dos Jornalistas (SJ), outra de Nuno Rodrigues, do Sindicato dos Trabalhadores das Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT), e outra de Paulo Mendes, da Comissão de Trabalhadores, apresentaram o ponto de vista das organizações dos trabalhadores sobre o momento que vive a RTP e fundamentaram os vários pontos do caderno reivindicativo.

A primeira intervenção foi de uma trabalhadora precária, que saudou os e as colegas integradas ao abrigo da decisão ontem anunciada pelo CA, e lembrou a partir do seu próprio caso que muitos outros continuam sem garantias nem solução à vista. Seguiram-se várias outras intervenções, tanto de trabalhadores efetivos como de precários, sem que alguma delas deixasse transparecer o menor indício desse divisionismo que noutras ocasiões se tem sentido.

Apesar de dificuldades técnicas na ligação com as delegações, foi ainda possível ouvir um camarada precário da delegação de Faro, que trabalha cinco dias por semana e não foi enviado para homologação ministerial por, alegadamente, não corresponder a uma necessidade permanente.

No final, o número de presenças na sala era maior ainda do que no início. O caderno reivindicativo foi aprovado ponto por ponto, sempre por unanimidade. Foi aprovada também uma adenda pedindo aos sindicatos que apresentassem já amanhã um pré-aviso de greve que, a partir de dia 29, poderá ser ativado em qualquer momento se se verificar que o CA apenas está a protelar as negociações do caderno reivindicativo para levar a cabo as contratações externas das duas diretoras adjuntas.

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